Um ano

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Foi muito rápido. Um dia nos falamos por telefone, como sempre, e alguns dias depois, fui encontrá-lo no hospital, já sem fazer nenhum sentido. Não houve definhamento, não houve involução. Acabou. Egoísmo meu querer que houvesse. Mas ser pega de surpresa, de uma semana para outra não ter mais meu conselheiro, orientador e confessor, meu pai amigo, exemplo e protetor, foi muito forte.

Na verdade, eu sei que havia 40 anos que eu deveria estar me preparando para o dia. Afinal, desde que nasci ele já percorria seu caminho rumo ao fim, como todos fazemos a cada dia que passa. Ele, naquela altura, já estava há 32 anos na jornada. Mas eu não me preparei, não soube como seria dura e profunda a dor que agora carrego.

Hoje ainda não posso acreditar que essa dor vá passar um dia. Talvez passe, mas hoje não passou e não tenho esperanças. É uma dor física e sentimental, que me acompanha todos os dias, há 365 dias. Acho que com o tempo, o que a gente faz é parar de aborrecer os amigos com as dores da existência e de seu fim e aí fica a impressão de que passou. Mas não passa.

Que o dia de hoje seja curto. Só isso.

15 Respostas to “Um ano”


  1. 1 Bete Davis 12 de junho de 2014 às 17:53

    te entendo dum tanto…. senti e sinto o mesmo com a minha mãe. só desejo forças. deixo um abraço carinhoso. bj

  2. 3 Nancy 6 de junho de 2014 às 0:38

    Fiz isso hoje também, Sandra. Resolvi cair no trabalho. Fiz um júri, em homenagem ao papai. Beijo, muito lindo o que vc escreveu.

  3. 5 nando aidos 5 de junho de 2014 às 12:24

    É isso mesmo! Nunca estamos preparados. Nunca queremos acreditar que acontecerá com os nossos mais queridos. Mas acontece. Esse seu mais querido seguiu a sua viagem, rumo à sua próxima missão. Esta missão, na Terra, tinha sido cumprida corajosamente.
    Não sei se é verdade, mas sabe bem acreditar nisso.

  4. 6 A Mãe 5 de junho de 2014 às 11:06

    Vai um cuspinho aí?

  5. 8 David 5 de junho de 2014 às 10:26

    Não creio que existe forma de se preparar para uma perda, quanto mais uma perda dessas, de uma pessoa tão querida e próxima. Só podes tentar honrar a memória, fazer com que, se ele ainda estivesse por aqui, continuasse a sentir orgulho por ter contribuído para fazer de ti a pessoa que és 😉
    Beijo grande!

  6. 10 Patricia Pires 5 de junho de 2014 às 9:18

    Sei bem o que é isso. O meu pai se foi a 8 anos. E até hoje me pego querendo contar as coisas pra ele. Sinto falta das nossas conversas, dos seus conselhos, dos seus trocadilhos… Mas o que compensa é tê-lo na minha memória e principalmente no meu coração. E sei que como eu, cada situação de sua vida, você sempre vai sentir ele presente com você. Eu lembro que meu pai sempre falava sobre o que a mãe dele acharia das coisas modernas. E hoje eu faço o mesmo… Estou com você na sua dor. Pode contar comigo. E que esse dia passe rápido mesmo.

  7. 11 Lucia Agapito 5 de junho de 2014 às 8:28

    Também nunca acreditei que esse tipo de dor passe! E também acho que ninguém se prepara pra ela! Se quiser companhia para que o dia passe rápido é só chamar. Beijos

  8. 13 Sonia 5 de junho de 2014 às 8:06

    Meu tio e meu mestre! Sinto muito a falta dele.
    E pode apostar que a dor que vc sente, Sandrinha, dói em mim também. O que pode acontecer é ficar mais diluída . Mas saudade é algo que ninguém tira da gente. Minha irmã, minha melhor amiga, minha companheira de jornada.


  1. 1 Os números de 2014 | Quem aguenta? Trackback em 1 de janeiro de 2015 às 19:47

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