Arquivo para janeiro \31\-03:00 2013

Os apolíticos

Há muito tempo eu penso em escrever um texto sobre o assunto. Talvez um dia eu o faça, depois de algumas horas de meditação, para não ser muito raivosa. Mas, no momento, passo minha mensagem por meio do Calvin, que maravilhosamente resumiu o assunto em quatro quadrinhos e muita ironia.

Os Dez Anos de Calvin e Haroldo - Volume 2 067

O mundo está repleto de pessoas assim e eu… não aguento!

As secretárias de alguns médicos

Tem quem não aguente as secretárias de alguns médicos. De Portugal, o amigo Nando Aidos, que já colaborou no Mosanblog e agora colabora no Quem aguenta?, mandou a seguinte historieta que se conta por lá, por quem não aguenta as secretárias de alguns médicos:

As secretárias de alguns médicos devem pensar que são doutoras.

Isto, porque perguntam, quase sempre, quando se chega a uma consulta, a razão da visita. E o paciente, por delicadeza, tem que responder, diante de todos, às perguntas que lhe fazem, o que se torna muito desagradável.

Não há nada pior que uma recepcionista perguntar o motivo da consulta, diante de uma sala de espera cheia de pacientes.

Uma vez entrei para uma consulta, aproximei-me da recepcionista, com um ar de pouco simpática – Bom dia, minha senhora!

Ao que a recepcionista respondeu – Bom dia, quais são as suas queixas? Porque veio à consulta?

Tenho um problema com o meu pénis, respondi.

Como alguns dos presentes riram, a recepcionista alterou-se e disse-me – O senhor não deveria dizer coisas como estas diante das pessoas.

Porque não? … a senhora perguntou-me a razão da consulta e eu respondi.

A recepcionista disse-me, então – Poderia ter sido mais dissimulado e dizer, por exemplo, que teria uma irritação no ouvido e discutir o real problema com o Doutor, já dentro do gabinete médico.

Ao que eu respondi – E a senhora não deveria fazer perguntas diante de estranhos, se a resposta pode incomodar.

Então sorri, saí e voltei a entrar – Bom dia, minha senhora!

A recepcionista sorriu, meio sem jeito, e perguntou – Sim???

Tenho um problema com o meu ouvido.

A recepcionista assentiu e sorriu, vendo que havia seguido o seu conselho e voltou a perguntar-me – E… o que acontece com o seu ouvido?

Arde-me quando eu mijo…

As risadas na sala de espera foram incontroláveis…

Depois do “imagina na Copa”

Até a cerveja Brahma já tratou com a devida ironia as previsões catastróficas dos cidadãos de baixa auto-estima que adoram usar a expressão “imagina na Copa”.

Há alguns dias, eu ouvi uma nova expressão. Tão carregada de preconceito quanto a primeira, aliás. Depois de ter ouvido o famoso “imagina na Copa” e ter argumentado com o quanto eu penso que não vai ser o caos que minha interlocutora imagina, ouvi: “É, pode ser. Já teve Copa até na África”.

Como eu já expliquei aqui, em algum lugar, minha tolerância anda bem baixa. Houve tempo que eu pensaria comigo: “a ignorância é feliz”. E simplesmente não continuaria mais o assunto. Mas, minha intolerância não permite mais.

Então, para contribuir em evitar que a frase “já teve Copa até na África” se torne o próximo bordão dos idiotas, resolvi explicar: “Alguém aqui já esteve na África?” – eu estava em um salão de beleza, que ficou silêncio puro com minha pergunta. “Bom, acho que não. Se tivessem estado saberiam que não há elefantes e macacos pulando entre as casas nas ruas da África. Aliás, Joanesburgo, na África do Sul, uma das cidades que recebeu jogos da Copa de 2010, pode muito bem ser confundida com São Paulo, tamanho o volume de arranha-céus, trânsito intenso, homens engravatados e indústrias. É uma cidade bem maior do que essa aqui onde estamos (Brasília), com muito mais cara de metrópole”.

O silêncio continuava, o que empolgou que meu discurso também: “Alguém aqui já esteve em alguma Copa do Mundo ou Olimpíada?” … “Se tivessem ido para as Olimpíadas de Londres, ano passado, por exemplo, teriam experimentado diversos problemas no metrô da cidade e no aeroporto, como puderam observar os mais atentos. Ah, mas o metrô de Londres ter problemas é chique, né?” Gente com visão restrita do mundo e falta de amor próprio… eu não aguento!

Vista aérea de Joanesburgo

Joanesburgo, a cidade da África do Sul onde “já teve até Copa”

Saiba mais sobre a Copa de 2010 na África do Sul, lendo os textos do ElefanteNews, aqui.

A tradição da São Silvestre

Eu ia ficar uns dias sem aparecer, porque estou de férias, mas não tem jeito, as coisas que eu não aguento insistem em cruzar meu caminho, em terra e no ar. Será rabugice dos ‘enta? Não, já me apresso em responder. São os humanos mesmo. Estes seres que fazem do mundo um lugar a cada dia pior.
Pois bem, entrei eu no avião e, com toda a boa vontade, abri uma revista que estava disponível: Brasil – almanaque de cultura popular – edição 165, de janeiro de 2013. Em verdade, eu tenho evitado muitas publicações periódicas ultimamente, porque não aguento esse lance de jornalismo que, quando não é mal feito, é canalha.
Explico: raramente as notícias publicadas nos ditos veículos tradicionais de comunicação contam com informação correta e não distorcida. Fico sempre na dúvida se isso acontece porque o autor do texto é burro, não sabe trabalhar, apurar bem uma informação, responder a todas as perguntas básicas (quem, como, quando, onde e por quê) que um texto informativo deve conter, ou se é canalhice e o jornalista usa um espaço informativo para manipular a informação e difundir seus ideais próprios, defender sua patota.
Por não ser a referida revista (ou almanaque, como queiram), um desses veículos tradicionais, resolvi dar um crédito e abri. Eis que logo na página 9 tem matéria sobre o primeiro vencedor da São Silvestre (Alfredo Gomes) ser um camarada que subia a pé a Serra do Mar, por trabalhar na companhia telefônica e ser responsável por verificar as linhas de transmissão da região.
A coisa até estava indo bem, não fosse pela falta de uma informação que se faz relevante para as pessoas compreenderem com quem estão se metendo. A matéria relata que a corrida de São Silvestre foi criada por Cásper Líbero, em 1925, e que a prova tinha início no fim da noite, com o vencedor cruzando a linha de chegada, normalmente, após a meia-noite. A matéria conta que isso só mudaria em 1988.
Ou seja, durante 62 anos a corrida manteve a característica original, acontecia à noite e terminava perto da virada do ano, conforme desejara seu criador. Mas em 1988 tudo mudou, passou a ser disputada à tarde, como consta na matéria.
O que falta no texto é o motivo. Por que passou a ser transmitida à tarde? Não cabia uma linhazinha explicando que foi por interesses comerciais da Rede Globo, que passou a transmitir a prova? Explicando que a Globo estragou o que era tradicional, mas não valorizado por ela, por não ter sido inventado por ela? Por que não permitir que seus leitores saibam que uma prova foi complemtamente desvirtuada em sua tradição porque a Globo não preserva a cultura, não respeita as tradições?
Mais uma vez a dúvida me atormenta: seria o responsável pelo texto alguém que apenas ignora os fatos e por isso não os narra ou há uma má vontade voluntária por trás de tal omissão? Mais uma vez, essas coisas que eu não aguento cruzam meu caminho.


placa Cabo da Boa Esperança

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