Minha experiência com a leitura é muito vasta. Adoro ler e, em geral, não tenho preconceitos. Todos os gêneros e temas me interessam. Também não me assustam os grandes volumes. Um livro de 600 páginas seria como ler 3 de 200 ou 6 de 100. E eu já demorei mais tempo para ler um livro com duas centenas de páginas muito chatas do que para devorar um com mais de meio milhar de páginas, que é o que vou contar agora.
Ganhei O 11º mandamento no final do ano. Presente da minha querida tia Lourdes pelos meus 40 anos. No momento que ganhei não pude começar a ler imediatamente, porque estava fazendo cursos e tinha leituras de trabalho que eram meio obrigatórias e tiveram prioridade. Ainda bem que fiz a escolha pela obrigação primeiro. Porque depois que peguei o livrão para ler, suas 626 páginas foram devoradas. Qualquer momento que eu tinha, dedicava a ele. Qualquer mesmo. Quero dizer que, andando no Shopping, nos momentos de subir e descer na escada rolante, abria o livro e devorava algumas linhas.
A história se passa quase toda na África, mais precisamente em Adis Abeba, capital da Etiópia. Há também uma parte nos Estados Unidos e algumas cenas e lembranças da Índia. O romance tem como pano de fundo a medicina e a luta pela libertação da Eritreia.
O livro conta a história de uma família durante mais de meio século. O narrador é o personagem principal, filho de uma freira indiana que vive em Adis Abeba. O pai? O médico cirurgião Thomas Stone, com quem a freira trabalha como enfermeira.
A capacidade de contar escondendo e de revelar os fatos na medida e no tempo certos fazem do autor Abraham Verghese um dos principais romancistas atuais. Na capa do livro, consta o selo: 1 milhão de livros vendidos nos Estados Unidos. Na orelha, o elogio: “Comparado aos maiores romancistas do século XIX e a contemporâneos do calibre de Salman Rushdie e Ha Jin, o médico e escritor Abraham Verghese nos brinda com este romance de estreia épico, em que o desenlace inesperado é apenas um dos muitos momentos dramáticos que polvilham a trama”. Tudo absolutamente confirmado ao longo da leitura.
No final, encontrar uma bibliografia substancialmente ampla para um romance, faz perceber o quanto o autor se dedicou para trazer os dados históricos da África e técnicos da medicina da forma mais acessível possível para o autor leigo.
Para quem gosta da África é imperdível. O estilo é muito próximo de O Anjo Branco, que também tem romance, medicina, história e África em uma obra de muitas páginas, que sempre é devorada por quem a toca. Para quem se interessa pela medicina, é uma lição. Para os leitores em geral, é cachaça pura. Para quem não gosta de ler, é um ótimo começo.
Matando a curiosidade, aqui o 11º mandamento: “Não operarás um paciente no dia de sua morte”.
Aí eu pergunto: quem aguenta ler um livro de 626 páginas? Se for bom como O 11º mandamento, basta saber ler.
Serviço:
Nome da obra: O 11º mandamento
Autor: Abraham Verghese
Editora no Brasil: Companhia das Letras
Valor médio da obra em papel: R$ 54,00
Valor médio da obra digital: R$ 38,00
P.S. (17/3/13): O amigo ‘nando Aidos complementa que em Portugal a mesma obra tem o nome Destinos Entrelaçados e pode ser encontrada em torno de € 23, na versão em papel.
Nossa, é o tipo de livro que gosto de ler. Quando mistura romance com a história de um lugar. Quando voce pode conhecer outras culturas e acho que vai ser bom ver um pouco da Africa, que também me fascina. Vou tentar ler os dois que voce sitou.
Poxa, ainda não li O Anjo Branco – havia interrompido meu vício antes da cirurgia porque com 26 graus ninguém aguenta ler né? hehehe. Pior é que tudo que diz respeito a Adis Abeba eu sou fascinada! Acho que vou passar esse na frente rsrs. Ah, sou devoradora compulsiva por livros grossos, então EU AGUENTO um livro de 626 páginas viu?