A gastronomia cubana me pareceu bastante simples, com cara de comida de mãe. Muito boa, saborosa, mas sem grandes elaborações. Posso estar sendo injusta, porque metade do que se oferece por lá, eu não posso comer por questões de alergia. Afinal, em uma ilha, peixes e frutos do mar não poderiam deixar de ser o forte. Além disso, a culinária cubana tem grande influência espanhola e africana, o que para mim é, praticamente, comida de casa. Também tudo é bastante oleoso e ando evitando óleo demais na comida. Mas, até mesmo as sobremesas, que sempre me interessam, não me surpreenderam. Em geral, são feitas de frutas típicas de regiões tropicais, com melaço da cana de açúcar.
Por outro lado, a efervescência histórica do lugar pode ter se sobreposto e redirecionado meus interesses. Mas, é claro, comemos por lá, conhecemos ótimos lugares, ambientes agradáveis, pontos históricos e frequentados por personalidades de diversas partes do mundo. Assim, é possível traçar um pequeno roteiro.
Os pratos variam muito em torno dos seres que vivem no mar, como eu já disse, além do porco e do frango. Eu gostei bastante de um que comi no
La Bodeguita del Medio, que era carne de porco e arroz com gris, um arroz misturado no feijão preto, que fica uma delícia. Em geral, a salada que acompanha os pratos é feita, basicamente, de legumes e não tem muita variedade de folhas. O mais comum é ter só repolho. Também adorei as bananas chips que acompanhavam alguns pratos ou serviam como entrada. Ainda que seja na categoria fritura, eu não resisto!
Na Plaza de la Catedral (citada no post anterior,
Cuba Turística) tem o
El Patio, com cardápio variado, vasta adega e ambiente bastante animado. Quem optar por ficar no térreo, vai poder acompanhar os dançarinos do restaurante e entrar na dança também. No andar de cima tem um ambiente interno e uma pequena varanda, com meia dúzia de mesas, onde é possível se divertir vendo a dança lá embaixo, sem necessariamente pagar o mico.
Perto da Plaza de la Catedral, seguindo pela rua Empedrado, no primeiro quarteirão está La Bodeguita del Medio. Um dos pontos mais famosos de La Havana, por ter sido frequentado pelo escritor
Ernest Hemingway e seus amigos
Fidel Castro e
Nat King Cole. Lá, Hemingway tomava Mojito. A bebida é feita com 20 ml de suco de limão, meia colher de açúcar, 100 ml de água com gás, um galho de hortelã (cerca de 8 a 10 folhas) amassadas com pilão, três cubos de gelo e uma dose de rum branco.
Em outro ponto não muito distante, na rua Obispo (que está paralela à Empedrado), fica o restaurante
Floridita, onde Hemingway ia para tomar Daiquiris. Este drinque também contém rum branco, suco de limão, açúcar e gelo, desta vez picado e não em pedras. Devo dizer que depois de conhecer os locais populares e as bebidas suaves no sabor, mas com alto teor alcoólico escolhidos por Hemingway, seus livros ganharam ainda mais valor para mim. O cara sabia viver.

Para quem é mais do tipo cervejeiro, em Cuba também são produzidas cervejas, como a Cristal e a Bucanero. E para sair das alcoólicas, nos restaurantes, em geral, você encontra algumas opções de suco natural e “de caixinha” e até Coca-Cola e outras bebidas da marca, como Fanta, Sprite, etc. Mas é muito mais charmoso tomar tuKola, o refrigerante cubano, não?
Bem perto do Floridita, exatamente em frente ao Capitólio, fica a opção boa e barata da região de Havana Vieja: o restaurante Los Nardos. No site
Melhores Destinos tem a indicação do restaurante, como sendo cheio de pompa, mas com excelente custo-benefício. O cardápio parece ser bastante variado, com foco nos peixes, camarões e frutos do mar. Além disso, o texto já indicava o que pudemos comprovar ao chegar lá: fila enorme na porta. Minha alergia aos peixes e seus parentes e a fome que não permitia esperar na fila fizeram com que não conhecêssemos o lugar por dentro. Quem sabe, na próxima…
Na rua 23 com L fica a sorveteria Coppelia, situada em um jardim, perto do hotel Nacional. O jardim tem um pavilhão de concreto com obras de arte. A sorveteria é tradicionalíssima e famosíssima em Cuba. Também costuma ter filas. Mas, por termos ido numa segunda-feira, quando o jardim está fechado e só se tem acesso mesmo à sorveteria, demos sorte e não tinha fila. O bom do sorvete é ser artesanal.
Na esquina em frente à Coppelia, fica o
Hotel Habana Libre, que tem um café que funciona 24 horas, 3 bares, 4 restaurantes e muita história. O hotel pode ser considerado o mais emblemático da cidade. Foi construído sob a ditadura de Fulgêncio Batista, na década de 1950. Após a vitória revolucionária em 1 de janeiro de 1959, serviu de alojamento para Fidel Castro e sua coluna. Por três meses, o posto de comando da revolução trabalhou no apartamento 2324 do hotel.

Chegando à famosa suíte 2324
No lobby é possível ver uma galeria de fotos com registro das atividades por ali nos primeiros dias pós revolução.

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