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Livro traz conversas entre Fidel e Frei Betto

Fidel y la religionO livro Fidel y la religion é resultado de 23 horas de entrevistas do religioso dominicano brasileiro Frei Betto com o líder cubano, Fidel Castro.

Em determinado momento Fidel fala que não houve jamais uma condenação do capitalismo por parte da igreja católica. Em 1985, as palavras do comandante Fidel foram: “Não houve jamais uma condenação do capitalismo; quem sabe, no futuro, dentro de 100, 200 anos, quando o sistema capitalista já não exista, haja quem amargamente diga: durante séculos as igrejas dos capitalistas não condenaram o sistema capitalista, nem condenaram o sistema imperialista, o mesmo que dizemos hoje que durante séculos não condenaram a escravidão, o extermínio dos índios e o sistema colonialista”.

Mal sabia Fidel que já em 2013 o Espírito Santo guiaria os cardeias a elegerem um papa que condenaria o capitalismo e daria tantas lições de como o bem comum é mais importante que o privado. Por essas quase profecias e por tantas outras informações contidas nas suas 379 páginas, ler Fidel y la religion foi realmente esclarecedor e desmitificador. Além disso, contribuiu um pouco mais com meu objetivo de compreender melhor a sociedade cubana e o regime sob o qual se vive por lá.

Basicamente, o livro mostra a relação do líder da revolução cubana de 1959 – que derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista – com a religião. Mas acaba por mostrar que, muitas vezes, as famílias seguem algumas crenças religiosas mesmo sem perceber o que estão fazendo ou sem saber o verdadeiro sentido delas. É o famoso “já estava assim quando eu cheguei” que faz com que a família batize seus filhos mesmo sem frequentar uma igreja ou ser fiel (de verdade, não só da boca para fora) a seu deus.

O livro descreve desde a relação da mãe e da avó de Fidel com a religião até a relação do líder revolucionário com as instituições religiosas após o sucesso da revolução.

No decorrer da conversa, alguns mitos vão sendo derrubados. Eu, pelo menos, descobri que tinha muita informação equivocada sobre a religião católica e também sobre como se deu a mudança de sistema de governo em Cuba. Diferente do que ocorreu em outros países, os líderes cubanos não optaram pela nacionalização integral e imediata de todos os recursos. A educação, por exemplo, permaneceu privada por algum tempo. A estratégia foi investir e melhorar muito a educação pública, fazendo-a chegar onde a privada não chegava e com qualidade inigualável. “Ao cabo de 26 anos de revolução, logramos colocar ao alcance das famílias mais humildes escolas melhores do que as que tinham as famílias privilegiadas. E isso quem dá é a sociedade, o Estado socialista o proporciona”, diz Fidel.

O comandante explica também que não é exclusivamente a favor da nacionalização de tudo em 100% e nem da gratuidade nestes termos. Para ele, até mesmo um governo socialista pode ter escolas pagas, com tanto que as escolas gratuitas não faltem nem sejam piores. Ele entende que não é necessário dedicar recursos aos setores da sociedade que podem pagar escola. Então, os governos podem mesclar as duas situações e as famílias escolherem se seus filhos vão estudar, por exemplo, na escola laica estatal ou na escola religiosa que a família escolher. O que aconteceu em Cuba foi que logo após a revolução as escolas privadas passaram a ser centros de atividade contrarrevolucionária, onde se desenvolveram ações violentas, com associação à sabotagem, bombas e outras atividades promovidas pelos Estados Unidos da América, o que fez com que o governo, afinal, optasse pela nacionalização.

Curioso também foi ver que, simultaneamente a decisões deste gênero que tinham que ser tomadas em todos os setores do governo, ainda havia que se enfrentar boatos irracionais, mas que causavam transtorno ao correrem pelas ruas, como os de que com a vitória revolucionária as famílias brancas e negras seriam obrigadas a se mesclar, que isso seria obrigado a se realizar de forma arbitrária, ou que se acabaria com o pátrio poder e os filhos dos cubanos seriam tomados pelo governo e enviados para a União Soviética, além de outras sandices do gênero, que eram inculcadas nas pessoas pela forte campanha dos menos de 10% da população que representavam a elite na época e que haviam perdido seus privilégios, apoiados, claro, pelos Estados Unidos da América, até então, praticamente donos da ilha de Cuba. Sobre isso, Frei Betto lembra que nos primeiros séculos do cristianismo também houve muitas dessas coisas, que se dizia, por exemplo, que os seguidores de Cristo comiam carne humana.

Também diferente do que faz pensar a propaganda enganosa e odiosa contra o socialismo, que diz que todas as pessoas recebem os mesmos valores independentes de sua contribuição à sociedade, Fidel explica que no socialismo se retribui a cada um de acordo com sua capacidade e com seu trabalho e no comunismo cada um recebe de acordo com suas necessidades. Ou seja, as diferentes funções sociais têm diferentes remunerações. No entanto, o que não existe é a grande desigualdade entre um funcionário no mais baixo nível hierárquico e outro no mais alto e nem a exploração do homem por um semelhante; todos trabalham pelo Estado, ou seja, pelo bem comum.

Ainda bastante alinhado com o atual papa Francisco, em 1985 Fidel disse a Frei Betto: “às vezes utilizo aquela frase de Cristo, que dizia: ‘É mais fácil para um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que para um rico entrar no reino dos céus”. E Frei Betto complementou: “Não significa, do ponto de vista teológico, que Jesus fez uma discriminação com os ricos, significa que Jesus fez uma opção pelos pobres”. Exatamente o que está fazendo agora o papa e pedindo que os fiéis de sua igreja o façam.

No final do livro, Frei Betto afirma estar convencido que as palavras, opiniões, ideias e experiência de Fidel viriam a ser, sobretudo para os leitores cristãos, não somente um alento para sua esperança política, mas também uma força para sua vida cristã.

Como leitora não cristã, posso dizer que o livro abriu minha mente e diminuiu muito de meu preconceito contra a religião. Pude perceber que o problema, como sempre, está nos homens, que tudo distorcem com seu egoísmo desenfreado. Por isso, mesmo não tendo relação alguma com religião, me interessei por ler sobre o assunto. Afinal, ficar na ignorância, eu não aguento.

Quem se interessar pela leitura, pode encontrar o livro em português, a ótimos preços, em sebos virtuais como o Sebo do Messias e a Estante Virtual, que tem também a versão em espanhol.

SAC da Philco deveria chamar SNAC

SNAC seria a sigla para Serviço de Não Atendimento ao Consumidor. E este é o serviço que a Philco oferece. Ou melhor, não oferece.

Em setembro de 2013 coLiquidificador Inox Duo Filtermprei um liquidificador Inox Duo Filter da referida marca. Ok, você pode estar pensando: “pediu, né?”. Mas eu não sabia, juro. Talvez eu devesse ter visto a marca do meu liquidificador antigo, que acabava de morrer após 14 anos de bons serviços prestados, ter calculado que Arno era uma marca boa e ter usado o velho ditado “em time que está ganhando não se mexe”.

Mas eu fui pela cara da peça e pelo preço que estava na categoria “médio para baixo” dentre todos que eu via. Também, gente, considerem: havia mais de 20 modelos, de preços variando de R$ 80 a R$ 800, nas mais diversas marcas. Isso me confunde. Escolhi um que tinha cara bonita e preço bom e, como não vi nenhuma crítica desfavorável na internet, mandei ver.

A nota fiscal data de 18/09/13, dia que comprei. Só que chegou em casa tipo uma semana depois, pelo menos. Usamos o trem uma meia dúzia de vezes e eis que, em dezembro, o copo de acrílico quebrou. As lâminas deixaram de rodar. Na correria de fim de ano, não fui na hora ver o que se tratava. Nem lembrava do lance de garantia. Mas a garantia era de 90 dias. Hoje vejo que se eu tivesse ido logo, ainda estaria dentro dos 90 dias. Mas não fui. Erro meu. Enfim, quando cheguei na autorizada para pedir o reparo fui informada que teria que ser trocada a lâmina do processador e que esta é uma peça em falta e que não há previsão de ter. Como o tal processador tem dois copos, um de acrílico e um de vidro, me conformei e voltei para casa pensando em usar o de vidro se fosse preciso nos próximos dias e, passando a bagunça de fim de ano eu tentaria resolver o caso.

Eis que, num desses dias de calor insuportável, resolvi fazer uma bebida gelada e, ao ligar o liquidificador… as lâminas não giravam. Raios. Chupei gelo mesmo. Até que agora, na primeira semana de vida do ano, resolvi buscar novamente apoio técnico. Fui a outra autorizada, acreditando que talvez o problema fosse no atendimento (coisa não muito rara aqui em Brasília). Ao chegar na outra autorizada o rapaz que faz consertos estava ocupado atendendo uma pessoa e eu fui andando pelas estantes de produtos a serem consertados. Qual não foi minha surpresa ao ver um verdadeiro exército de multiprocessadores Philco. Era impressionante, uns 20, pelo menos! Não exatamente o modelo do meu liquidificador, mas muito parecidos. Então, comecei a prestar atenção nas marcas dos eletroportáteis ali dispostos e a maioria, sem precisar fazer auditoria para confirmar, a maioria gritante: Philco!

Enfim, quando o camarada me atendeu, expliquei a situação e ele confirmou que no caso do copo de acrílico o diagnóstico da primeira loja estava correto. Perdido. No caso do copo de vidro, ele, já acostumadíssimo com a situação, fez uma gambiarra. Trocou uma peça que havia gasto (com meia dúzia de vezes que usei!) por uma de outra marca e melhor qualidade. Perguntei se tinha feito mal negócio na escolha e a resposta foi deprimente: “não presta, não. Nenhum aparelho desta marca”. Tão bonitinho, tão ordinário…

Pelo menos voltei para casa com o aparelho funcionando (ou parte dele). Entrei no site da Philco em busca de um atendimento ao consumidor para ver o que faço com o copo de acrílico perdido. Ainda que muitas ideias tenham já passado pela minha cabeça… Surpresa de novo (e já nem deveria ser) e, claro, não tem outro meio para falar com os camaradas que não o telefone 0800. Lembra 1980 quando não havia e-mail, chat, formulário de atendimento ao cliente no site, nem site havia… surpresa que tenham site!

Lá fui eu 0800-645-8300. Atendeu a famosa máquina com voz masculina e fiquei lá por oito minutos na espera até que caiu a linha. Depois disso, tentei por duas horas seguidas ligar novamente: ou dava ocupado (0800!) ou nem atendia ou nem completava a ligação ou era atendida pelo robô que me deixava na espera até que caísse a linha. Ah, também houve vezes que atendeu uma voz feminina dizendo que todos os atendentes estavam ocupados e pedindo para ligar mais tarde. Nem estranhei todos os atendentes estarem ocupados. Todos os clientes devem ligar.

Esperei 24 horas. Tentei de novo e o SAC continua não atendendo. Tentei entrar no site do Ponto Frio para avaliar o produto e avisar futuros incautos para que não cometam o mesmo erro que eu. O produto já não está a venda nesta loja. Aliás, no próprio site da Philco, em liquidificadores, ele já não existe. Três meses depois que eu comprei! Ou seja, deve ter saído de linha pela falta de capacidade de funcionar. Será que não era caso para um recall? Quem acreditou no produto não deveria ter uma troca? Agora, fica o aviso, vi o mesmíssimo produto a venda em outras lojas sob a marca Britânia. Não sei qual é a mágica, mas aconselho a fugir também.

Como tudo na vida, deste episódio temos algumas lições aprendidas: quando comprar um eletrodoméstico, use muito, muito mesmo, nos primeiros três meses, para ver se ele resiste à garantia. Antes de comprar um eletrodoméstico, vá a uma autorizada e veja quantas peças daquela ou similares da mesma marca estão ali. É isso, aos 41, ainda aprendendo muito, todo dia!

O desprezo ao consumidor da Philco, eu não aguento.


placa Cabo da Boa Esperança

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