Eu acredito mesmo é na ciência. Mas, se eu tivesse que acreditar em alguma coisa mais, acreditaria logo em deus. Superstição dá muito trabalho. Tem que dar pulinhos, comprar roupa branca, amarela, vermelha nova, guardar porcarias na carteira… Aliás, como disse o filósofo Denis Diderot, a superstição ofende mais a deus do que o ateísmo.
Fico impressionada com pessoas que acreditam (ou dizem que acreditam) em deus, mas parecem não colocar lá muito a mão no fogo por ele. Afinal, sempre que podem, tentam dar uma ajudinha… Dia 31 de dezembro é o dia de colocar à prova essa fé. Acredita em deus, mas dá uns pulinhos nas ondas do mar na hora da virada do ano, só pra garantir. Deus tá vendo…
Como bem explica o dicionário Priberam, superstição é um “sentimento de veneração religiosa fundada no temor ou ignorância e que conduz geralmente ao cumprimento de falsos deveres, a quimeras, ou a uma confiança em coisas ineficazes”.
Se o camarada acredita em deus, que ele tudo rege e tudo domina, não precisa ficar com manobras para driblar o destino. Afinal, tudo acontece por causa do deus, não é? Nem tanto, parece. Chega o fim do ano, o cara dá três pulinhos com o pé direito à meia noite, enche a carteira de folhas secas, come romã, gospe uva e faz até onda na banheira de casa para não deixar de pular as sete ondinhas…
Ou seja, ou a pessoa não acredita de fato em deus, ou não entendeu nada sobre ser fiel. É a velha falta de coerência da humanidade.
Gente que se diz crente em deus e pratica suas superstiçõezinhas de fim de ano, eu não aguento.
Quem não aguenta, comenta