Curiosidades para ficar bem em Cuba 2

Da primeira vez que visitamos Cuba, em 2013, escrevi o post Curiosidades para ficar bem em Cuba, com algumas dicas para não ser pego de calças curtas levando pouco dinheiro e só seu cartão American Express, por exemplo, que não vai servir pra nada lá. Um ano e pouco depois, atualizo as dicas, com reforço especial na “taxa de saída”, porque assisti à cena de duas moças pagando um mico federal e não quero leitor meu passando por isso.
Vamos começar por aí, então:
Taxa de saída – na saída do país, depois de fazer o seu check-in na companhia aérea, é necessário pagar uma taxa aeroportuária, que não é cobrada juntamente com o valor da passagem e só pode ser paga neste momento e em efetivo. Sabe do que se trata? Taxa de embarque. Simples assim. Você paga em absolutamente todo voo que faz no mundo. A única diferença é que em Cuba ela não é paga junto com a passagem. Em geral, em qualquer voo esse não é um valor parcelável, por exemplo. Quando você compra a passagem para pagar em várias parcelas, a primeira tem um valor maior, porque inclui as taxas de embarque, que são destinadas ao aeroporto. No caso de Cuba, não é parcelável, nem pagável de outra forma que não seja em efetivo na hora do embarque. Então, deixando claro: não se paga para sair de Cuba. O que se paga é a taxa de embarque, como em qualquer voo. Na fila para pagar a taxa assistimos duas turistas europeias raivosas bradando que nunca tiveram que pagar para sair de país nenhum, como se ali elas estivessem presas feito reféns. Na verdade, sempre pagaram, pagaram taxa de embarque quando saíram de avião. Exatamente como em Cuba. Tá bom que o governo cubano não ajuda – talvez até se divirta com a situação – e não deixa claro que a taxa aeroportuária é a famosa taxa de embarque, como o valor é conhecido em boa parte do mundo…
Atualmente, a taxa é de 25 CUCs. Portanto, lembre de deixar esta reserva. Na verdade, a saída obedece a uma sequência de filas, que todos fazem igual: check-in, pagamento da taxa de saída e troca dos CUCs que sobraram por euros ou dólares. Os balcões ficam lado a lado e é só seguir o fluxo.
Visto – permanece a mesma política. Antes de ir é preciso tirar o visto, que não é um visto comum, carimbado ou selado no seu passaporte, mas uma espécie de voucher, chamado de Tarjeta Turística e custa atualmente R$ 45. Em geral, as operadoras de turismo que trabalham com o destino, fazem isso para você. Basta enviar uma cópia do passaporte e preencher um formulário. A Tarjeta Turística tem validade de 30 dias, que pode ser prorrogada por mais 30 no próprio hotel onde você se hospedar ou nas autoridades nacionais de imigração. Vale observar que a tarjeta é válida para uma só entrada no território. Se sair, mesmo que voltar antes dos 30 dias, terá que tirar outra. Mais detalhes podem ser encontrados na sessão de Serviços Consulares do site da Embaixada de Cuba no Brasil.
Vale observar que, apesar do visto ser uma tarjeta em separado, você vai precisar do passaporte, com validade mínima de seis meses para entrar no país.
Dinheiro – você pode trocar dólares ou euros por CUCs (a moeda cubana para turistas) em casas de câmbio no aeroporto ou no hotel. Em geral, 1 CUC vale cerca de 1 dólar. Mas trocar euro vale mais porque as taxas sobre o dólar são mais altas. Tem o CUP, que é o Peso Cubano, moeda utilizada pelos cidadãos cubanos, e o CUC, peso conversível, moeda utilizada pelos turistas. Com um CUC você compra cerca de 23 CUPs. No entanto, você não vai precisar fazer isso, porque é turista e não vai usar a moeda dos cubanos. Então, esqueça CUP, pense em CUC (mais ou menos 1 dólar) e relaxe, porque a vida lá é razoavelmente barata. Agora é possível encontrar caixas eletrônicos que permitem saque em CUP ou em CUC. Como você vai sacar com um cartão de crédito estrangeiro, não precisa se preocupar de novo, o governo cubano facilita sua vida e, automaticamente, você vai sacar em CUCs.
Custo – com o equivalente a 50 dólares por dia, você se alimenta, anda de táxi e faz os passeios. Com 100 dólares por dia, você ainda traz na bagagem metade de Cuba. Para se hospedar em um hotel categoria turística (3 estrelas), você vai gastar cerca de US$ 40 por noite, com café da manhã, podendo encontrar boas ofertas, dependendo da temporada. Em um 5 estrelas histórico, como o Hotel Nacional, a brincadeira já fica um pouco mais cara, podendo ultrapassar US$ 100 por noite. Cuba tem lembrancinhas muito originais e também uma boa oferta de livros, tanto em livrarias, quanto em sebos a céu aberto. Nesses lugares, é possível encontrar raridades, como relógios feitos na URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) ou jóias do início do século passado, a preços bastante acessíveis. O preço das lembranças para turistas, como camisetas com a bandeira de Cuba, bolsas com a cara do Che Guevara, etc. não varia muito. Você encontra no centro da cidade mais ou menos o mesmo preço que no hotel ou no aeroporto. É uma das vantagens de tudo ter o mesmo dono, o Estado.
Cartão de crédito – raríssimos ainda são os lugares que aceitam. O melhor é se garantir com dinheiro na mão mesmo. Mas, se for levar, certifique-se que não é emitido por um banco estadunidense. Se for, não será aceito nem onde se aceita cartões. Também não são aceitos cheques de viagem.
Clima – o clima em Cuba é tropical e úmido, com a temperatura variando de 18 a 31 graus. Já a água do mar tem temperatura de 25 a 30 graus. A época de menos chuvas vai de novembro a abril. De julho a outubro, tem a temporada de furacões. Nesse período, você pode até encontrar boas ofertas para ir e se hospedar, mas tem que contar com a possibilidade de perder alguns dias fechado no hotel, para se proteger.
Eletricidade – A corrente em Cuba é 110 V. Mas em alguns hotéis você encontra tomadas 220 V. A tomada padrão é para plugues de dois pinos achatados. Convém levar um adaptador.
Gorjeta – na segunda viagem também entendemos melhor os valores para se deixar de gorjeta. E entendemos que o critério é muito pessoal, de acordo com o quanto o serviço agradou e com a sua realidade financeira. Deixar 10% do valor da conta em bares e restaurantes é visto como justo. Mas se você deixar 1 CUC, independente da conta final, está ok. Para a tiazinha que toma conta do banheiro, 5 ou 10 centavos está bom. Experimentamos não dar gorjeta para o taxista, só pagar o cobrado. Deu certo. Mas também você pode usar o critério dos 10%. A não ser em corridas com valor combinado previamente, quando não é necessário mesmo dar gorjeta. Em geral, 1 CUC para quem você for com a cara está de bom tamanho. Vale observar que em nenhum momento fomos cobrados a deixar gorjeta ou hostilizados por não fazê-lo ou deixar pouco. Nos hotéis, por exemplo, saíamos para curtir a piscina ou alguma área ao ar livre e vinham os músicos ou o atendente do bar nos servia uma bebida. Pela prática de assinar a fatura do consumo ou nem assinar no caso de hotel all inclusive, acabávamos saindo sem dinheiro e não dávamos gorjeta. Absolutamente compreendido. Por outro lado, vimos turistas deixando gorjetas de 10 dólares por pequenos atendimentos.
129 tour pela medicina cubanaSaúde – é preciso estar com a vacina de febre amarela em dia, tomada ao menos dez dias antes da entrada em Cuba. Também é preciso ter um seguro de saúde. Desde maio de 2010, tanto viajantes estrangeiros quanto cubanos residentes no exterior devem ter um seguro de viagem com cobertura para gastos médicos dentro de Cuba. No site da Embaixada de Cuba, você encontra mais informações. Afinal, você achou que ia residir num país capitalista, mas ser atendido pelo serviço público de saúde que é referência mundial em qualidade de graça? Não seria justo, não é mesmo? Residente fora de Cuba, paga pelo atendimento em saúde. Aconteceu conosco. Precisamos ser atendidos e no próprio hotel em que estávamos hospedados tinha um posto de saúde. Fizemos consulta, recebemos medicamentos, tudo na melhor forma. O único problema é que o número do seguro de saúde não nos atendeu no ato e precisamos pagar, para pedir o reembolso no retorno ao Brasil.
Papel higiênico – Está aí um item que eu não costumo listar nas dicas de viagem. Mas, no caso, é importante. Já falei no primeiro post e repito. Papel higiênico é um dos artigos controlados em Cuba. Por conta do embargo econômico sofrido pelo país, a entrada de alguns itens fica difícil. Então, claro que no hotel você encontra o artigo no seu banheiro. Mas, nos banheiros públicos, de museus, restaurantes, casas noturnas, aí pode não haver. Ou, no máximo, tem a tiazinha que toma conta do pedaço em troca de algumas moedas. Ela toma conta não só do banheiro, como do pedaço do papel higiênico também. Você dá uma moeda e ela lhe dá um tanto de papel. Sempre o mesmo tanto, não adianta melhorar a moeda. Então, para evitar imprevistos, a dica é andar sempre com lenços de papel ou mesmo um rolo de papel higiênico na bolsa.
Comunicação – telefonar para o Brasil de telefones fixos sai caro e nem sempre se consegue completar a ligação. O primeiro minuto pode valer mais de 5 CUCs e depois 0,05 centavos a cada minuto. Telefones celulares do exterior podem obter sinal por lá, desde que seja contrato pós pago e a operadora de origem tenha convênio de roaming com a Cubacel. Para mais detalhes, pode entrar no site da operadora cubana, que é o www.cubacel.cu. Internet é cara e rara: de 6 a 10 CUCs por uma hora nos hotéis e você só consegue sinal wi-fi em alguma área restrita, como o lobby, ou nem isso: tem que usar o computador com cabo ADSL do hotel, que não vai disponibilizar muitas máquinas e as que tiver serão lentas. Ou seja, a comunicação com o exterior, em geral, é difícil. Dá até para entender que talvez a ideia seja não deixar os nativos se contaminarem pela propaganda externa, pelo vírus do capitalismo e do consumismo… mas, nós, turistas, já estamos perdidos, nem adianta… enfim, de certa forma é até bom, porque isso faz com que lá férias ganhem ares de férias de verdade.

5 Respostas to “Curiosidades para ficar bem em Cuba 2”


  1. 1 JAN SIDARTA LIMA DE ABREU 7 de outubro de 2016 às 8:15

    Mto bom mesmo..mas gostaria de saber se há condições de viajar pela ilha na condição de “mochileiro”, sem ter hotel ou cidade já para ficar. Pode tipo “ir na doida” somente c a passagem de ida/volta e seguro?

    • 2 sanflosi 7 de outubro de 2016 às 17:23

      Aparentemente é seguro sim ir para escolher os locais onde ficar por lá mesmo. Encontramos alguns aventureiros pelo caminho, principalmente em Santa Clara, que é um lugar que atrai muito o público jovem. Acho prudente antes você checar junto ao consulado se é preciso ter algum endereço de referência. Muitos países pedem que você tenha reserva em algum lugar (hotel, hostel, albergue ou até mesmo a casa de alguém) e este lugar passa a ser a sua referência de endereço no país. Normalmente, não precisa ser reserva para todo o período da viagem.

  2. 3 Samir Rachid 28 de julho de 2016 às 12:49

    Até que em fim um relato completo e sem firulas sobre Cuba. Achei que ia ter que ir lá no escuro.. huahauahuah Obrigado!

  3. 5 Lucia Agapito 9 de março de 2015 às 18:24

    Show de bola! Impecável nos detalhes. Parabéns como sempre! 🙂


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