Assim, convivi várias manhãs com pessoas que têm seus animais de estimação e gostam muito deles. Confesso, inclusive, que acho o ambiente bem mais agradável do que o da sala de espera de qualquer outra especialidade médica, onde só encontramos humanos.
Apesar da boa convivência com os amantes da cachorrada e gataiada, uma pergunta recorrente e que me incomoda muito é: “Qual é a raça dele?” Como assim? Ele é um cão. Pronto. Quer mais? É lindo, meigo, carinhoso, do tamanho certo para o ambiente onde vive e, sim, tem muitas raças. Aliás, como você, como eu, como sua mãe. Porque as pessoas podem até não gostar e se acharem arianas puras, mas todos somos misturados. Em algum lugar do seu passado tem sangue de todo tipo de gente.
Já o Otto, engana muito bem os preocupados com a tal da raça pura. Claro que, por ser misturado, ele é aperfeiçoado. Diferente de um Dachshund com pedigree, ele tem as pernas mais compridas, o que faz com que ele não tenha tantos problemas de coluna como são tão comuns em cães do tipo teckel (nome genérico para os compridinhos). Em uma das consultas, eu estava com os dois e uma senhora com seu cão de raça ao lado me perguntou: “Esse aí (apontando para o Elmo) não é puro, né?”. Aparentemente, ela não estava com nojo ou medo dele. Até tinha achado bonitinho e simpático. Mas achou que ele era inferior ao irmão, o Otto, que estava do lado. Percebi que ela falou do Elmo, comparando com o outro, acreditando que o segundo fosse puro. Isso porque o Otto estava sentado, com as pernas encolhidas, e aí engana que é uma beleza. E eu não resisti: “Não, ele não é puro. O outro (apontei para o Otto) também não. E nem eu.”Pensei em completar que nem ela. Mas achei que a informação poderia chocá-la demais.
Esses nazistas dos animais domésticos, quem aguenta?
Quem não aguenta, comenta