Conforme falei aqui, nas férias mais recentes, um dos destinos foi a cidade do Panamá. O objetivo da viagem era conhecer o Canal do Panamá, que liga os oceanos Pacífico e Atlântico, cortando o Panamá, país muito conhecido também pelos chapéus, que não são feitos lá (mas isso é história para outro post). Eu fui quase que por obrigação com o conhecimento. Na escola estudamos o tal canal, sua importância econômica, tal… achei que, uma vez que faria conexão na cidade onde ele fica, seria razoável dar valor às minhas aulas de geografia e conhecê-lo.
É fantástico! Fiquei maravilhada. Passaria dois dias seguidos olhando aquela obra monumental da engenharia funcionar. Se tivesse uma mínima vocação para os números, estudaria engenharia só para ter a mesma profissão dos que fizeram aquilo. Por que eu não me organizei para fazer o passeio de barco e passar por dentro do Canal? (Sim, tem essa possibilidade!) Sério que isso foi feito há 100 anos? Que genialidade! Como eu demorei tanto tempo para conhecer o Canal do Panamá?
Se você for a algum país com voo que faça conexão na cidade do Panamá, um dos maiores hubs aéreos do continente – hub, para ficar claro, é o ponto de convergência de rotas aéreas – não deixe de visitar o Canal. Se você não estiver indo para esta direção, dê um jeito de ir. Vá ao Panamá. Conheça o Canal. Tem muitas outras coisas para fazer no país também, como passeios a comunidades tradicionais, florestas, a parte antiga da cidade do Panamá, compras, muitas compras. Mas, se não quiser fazer mais nada, somente vá ao Canal do Panamá. A entrada para não residentes custa US$ 15 (quinze dólares) e o Centro de Visitantes funciona diariamente, das 9h às 17h.
Sim, é isso. Um passeio despretensioso, sem grandes expectativas, se transformou num grande entretenimento. Acho que fiquei uma hora lá, olhando os navios passarem de um lado pro outro. E passaria o dia inteiro. No meio da observação, entramos no museu que explica a construção e o funcionamento de tudo aquilo, que fica no Centro de Visitantes das eclusas de Miraflores. Serviu para eu ficar ainda mais maravilhada.
Nas três imagens abaixo, é possível ver como o navio vai emergindo na eclusa, conforma a água preenche o espaço:
O canal foi inaugurado em 15 de agosto de 1914 e se tornou um ponto estratégico e militar importantíssimo para os Estados Unidos. Só para se ter uma ideia, antes dele, os navios que iam de Nova Iorque à Califórnia contornavam toda a América pelo Sul, passando pelo Cabo Horn, extremo sul da América do Sul.
Por meio do Tratado Hay-Bunay Varilla, também conhecido como Isthmian Canal Convention, ficou definido que os Estados Unidos teriam o domínio perpétuo sobre a zona que ligava uma costa a outra do istmo onde seria construído o canal. Em troca, o país pagaria 10 milhões de dólares e mais um arrendamento de 250 mil dólares anuais ao Panamá. Trabalhadores de todo o mundo se dirigiram à região para a construção do Canal. Mais de cinco mil deles morreram, vítimas de acidentes, malária, febre amarela e outras doenças tropicais.
Em 1964, 20 estudantes foram mortos ao se manifestarem em defesa da autonomia panamenha, visando tirar a bandeira americana da zona do Canal e substituí-la pela do Panamá. Graças à pressão popular, em 1977 foi assinado um novo tratado, Torrijos-Carter, no qual os presidentes dos Estados Unidos e do Panamá concordaram que a administração do canal ficasse a cargo dos Estados Unidos até 1999 e, a partir de então, o controle seria passado ao Panamá.
Hoje, o canal é um orgulho panamenho e também fonte de riqueza para o país, com a passagem de cerca de 15 mil embarcações por ano. No site apolo11.com é possível ver a explicação de como funciona o Canal. E também acompanhar vídeos em tempo real, neste link aqui. Este outro vídeo aqui também é bem legal, porque mostra, em um minuto, o movimento de 12 horas do Canal em imagens aceleradas. E tem ainda este outro que mostra detalhadamente como funciona o Canal do Panamá. Se você não for pessoalmente, pelo menos visite os sites indicados aqui para ter um pouco da noção desta obra gigantesca, construída mais de um século atrás e que até hoje funciona sob a mesma lógica de operação.
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