Foi muito rápido. Um dia nos falamos por telefone, como sempre, e alguns dias depois, fui encontrá-lo no hospital, já sem fazer nenhum sentido. Não houve definhamento, não houve involução. Acabou. Egoísmo meu querer que houvesse. Mas ser pega de surpresa, de uma semana para outra não ter mais meu conselheiro, orientador e confessor, meu pai amigo, exemplo e protetor, foi muito forte.
Na verdade, eu sei que havia 40 anos que eu deveria estar me preparando para o dia. Afinal, desde que nasci ele já percorria seu caminho rumo ao fim, como todos fazemos a cada dia que passa. Ele, naquela altura, já estava há 32 anos na jornada. Mas eu não me preparei, não soube como seria dura e profunda a dor que agora carrego.
Hoje ainda não posso acreditar que essa dor vá passar um dia. Talvez passe, mas hoje não passou e não tenho esperanças. É uma dor física e sentimental, que me acompanha todos os dias, há 365 dias. Acho que com o tempo, o que a gente faz é parar de aborrecer os amigos com as dores da existência e de seu fim e aí fica a impressão de que passou. Mas não passa.
Que o dia de hoje seja curto. Só isso.
Quem não aguenta, comenta