Posts Tagged 'W3 Sul'

Pedestre

Em Brasília, sou motorista e também pedestre. Os dois papéis têm me irritado profundamente. Hoje vou tratar só de ser pedestre.

Acho uma chatice, por exemplo, a história de chegar em uma faixa de segurança, ficar em pé diante dela e ter que balançar os braços na frente do corpo dando “sinal de vida”, como educam as campanhas sobre o tema. Como já disse meu amigo David Borges, “é preciso mais sinal de vida do que estar em pé ali?”

Mas, a verdade é que talvez precise, porque já vi muita gente parada diante da faixa, esperando a carona, por exemplo. Aí, um carro de alguém mais desatento, que não saiba ler pensamentos, pára para o pedestre atravessar. E ele não atravessa.

Como pedestre em Brasília, sinto vergonha da minha categoria. Definitivamente, os pedestres aqui andam pelas ruas como se não houvesse mais ninguém. É como se devesse existir um caminho para cada pessoa. O egoísmo humano se sobressai de maneira avassaladora na atitude dos pedestres por aqui.

Um ponto que tenho frequentado diariamente, mais de uma vez ao dia, tanto como motorista quanto como pedestre, é a avenida W3 Sul, no Setor de Rádio e TV Sul, na altura do hospital Sarah Kubitschek e do edifício Assis Chateaubriand. O que vejo os pedestres fazendo ali é assustador. Do ponto de vista do risco a que colocam suas vidas e do ponto de vista da forma egocêntrica como entendem o mundo. A pessoa sai de um ponto, tem um destino e o caminho que faz é uma linha reta entre um e outro. Simples assim. Sem observar nenhuma sinalização de trânsito.

Sim, pedestre, você também deve obedecer a sinalização. Usar a faixa de segurança e atravessar quando o farol estiver vermelho para os carros são alguns exemplos. Neste ponto que eu citei, assim como em quase todo o Distrito Federal, na verdade, se você olhar para a esquerda e para a direita, dificilmente não vai encontrar uma faixa de segurança para você. Claro que ela pode não estar exatamente à sua frente, traçando aquele caminho direto entre seu ponto de origem e seu ponto de destino. Sabe por que não? Porque seria impossível ter uma faixa de segurança no ponto de saída ou destino de cada pedestre. Tem uma lá no meio e as pessoas devem fazer seus caminhos a partir delas, não o contrário.

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Jovens atravessando a W3 Sul

Eu passo por esta região indo a diversos pontos a partir de diversos pontos e sempre consigo atravessar só nas faixas ou nos semáforos. Mas sempre que estou esperando o momento certo para seguir meu caminho, vejo pessoas atravessando sem nenhum critério, seguindo apenas seu caminho imaginário, o mais curto entre sua origem e seu destino. Além de colocarem suas vidas em risco, atrapalham o fluxo do trânsito. Mas, atrapalhar o outro parece não ser uma preocupação das pessoas egoístas que por aqui circulam.

Quando o motorista vai entrar em uma rua à direita, normalmente ele olha à esquerda para ver se não vem outro veículo, então, quando ele volta o olhar para a direita, seguindo seu caminho, muitas vezes, um pedestre maluco se materializou na sua frente. Sem que houvesse uma faixa ali. Simplesmente, porque era o caminho mais perto para ele. Neste local que citei da W3 Sul há um ponto de ônibus e, 50 metros a frente, um farol. Mas, por que ir até lá? Eu atravesso aqui mesmo, no meio da rua, de uma avenida super movimentada. As pessoas não pensam que para fluir o trânsito seria inviável ter faixas de pedestre em alguns lugares. Portanto, é inviável as pessoas atravessarem ali. Inviável e arriscado.

Na mesma região, entre as quadras 102 e 302 da conhecida como Rua das Farmácias, também há um fluxo muito grande de pessoas. Elas simplesmente chegam no fim de uma quadra e atravessam para a outra em linha reta. Os carros que estão fazendo a curva que se danem.

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E olhem que incrível. Essas mesmas pessoas, se virassem para o lado, veriam logo ali… uma faixa de pedestres!!!

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Gente, não são nem 20 passos! E sabe por que essa faixa está um pouco para dentro da rua e não na sequência em linha reta do caminho dos pedestres? Para segurança deles mesmos. Uma faixa de segurança não pode estar logo na esquina, porque não vai ser vista pelo motorista em tempo de frear o veículo. Andar 20 passinhos a mais aqui e ali, vai até fazer bem para a saúde e preservar a vida.

Vamos ver o exemplo da senhora abaixo, que carrega uma sacola amarela. Primeiro ela atravessa na W3 Sul, depois na rua das Farmácias. Em dois pontos onde não é permitido que ela o faça. Diariamente, eu saio do mesmo ponto que ela saiu e me dirijo ao mesmo ponto para onde ela foi e faço tudo isso usando as faixas e semáforos. É só uma questão de olhar para os lados e raciocinar.

Bom, com o calor de Brasília, estou chegando à conclusão que os miolos fritam e raciocinar vai ficando mais complicado a cada dia…

Os pedestres preguiçosos e egoístas do Distrito Federal, eu não aguento!

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placa Cabo da Boa Esperança

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