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Livro traz conversas entre Fidel e Frei Betto

Fidel y la religionO livro Fidel y la religion é resultado de 23 horas de entrevistas do religioso dominicano brasileiro Frei Betto com o líder cubano, Fidel Castro.

Em determinado momento Fidel fala que não houve jamais uma condenação do capitalismo por parte da igreja católica. Em 1985, as palavras do comandante Fidel foram: “Não houve jamais uma condenação do capitalismo; quem sabe, no futuro, dentro de 100, 200 anos, quando o sistema capitalista já não exista, haja quem amargamente diga: durante séculos as igrejas dos capitalistas não condenaram o sistema capitalista, nem condenaram o sistema imperialista, o mesmo que dizemos hoje que durante séculos não condenaram a escravidão, o extermínio dos índios e o sistema colonialista”.

Mal sabia Fidel que já em 2013 o Espírito Santo guiaria os cardeias a elegerem um papa que condenaria o capitalismo e daria tantas lições de como o bem comum é mais importante que o privado. Por essas quase profecias e por tantas outras informações contidas nas suas 379 páginas, ler Fidel y la religion foi realmente esclarecedor e desmitificador. Além disso, contribuiu um pouco mais com meu objetivo de compreender melhor a sociedade cubana e o regime sob o qual se vive por lá.

Basicamente, o livro mostra a relação do líder da revolução cubana de 1959 – que derrubou a ditadura de Fulgêncio Batista – com a religião. Mas acaba por mostrar que, muitas vezes, as famílias seguem algumas crenças religiosas mesmo sem perceber o que estão fazendo ou sem saber o verdadeiro sentido delas. É o famoso “já estava assim quando eu cheguei” que faz com que a família batize seus filhos mesmo sem frequentar uma igreja ou ser fiel (de verdade, não só da boca para fora) a seu deus.

O livro descreve desde a relação da mãe e da avó de Fidel com a religião até a relação do líder revolucionário com as instituições religiosas após o sucesso da revolução.

No decorrer da conversa, alguns mitos vão sendo derrubados. Eu, pelo menos, descobri que tinha muita informação equivocada sobre a religião católica e também sobre como se deu a mudança de sistema de governo em Cuba. Diferente do que ocorreu em outros países, os líderes cubanos não optaram pela nacionalização integral e imediata de todos os recursos. A educação, por exemplo, permaneceu privada por algum tempo. A estratégia foi investir e melhorar muito a educação pública, fazendo-a chegar onde a privada não chegava e com qualidade inigualável. “Ao cabo de 26 anos de revolução, logramos colocar ao alcance das famílias mais humildes escolas melhores do que as que tinham as famílias privilegiadas. E isso quem dá é a sociedade, o Estado socialista o proporciona”, diz Fidel.

O comandante explica também que não é exclusivamente a favor da nacionalização de tudo em 100% e nem da gratuidade nestes termos. Para ele, até mesmo um governo socialista pode ter escolas pagas, com tanto que as escolas gratuitas não faltem nem sejam piores. Ele entende que não é necessário dedicar recursos aos setores da sociedade que podem pagar escola. Então, os governos podem mesclar as duas situações e as famílias escolherem se seus filhos vão estudar, por exemplo, na escola laica estatal ou na escola religiosa que a família escolher. O que aconteceu em Cuba foi que logo após a revolução as escolas privadas passaram a ser centros de atividade contrarrevolucionária, onde se desenvolveram ações violentas, com associação à sabotagem, bombas e outras atividades promovidas pelos Estados Unidos da América, o que fez com que o governo, afinal, optasse pela nacionalização.

Curioso também foi ver que, simultaneamente a decisões deste gênero que tinham que ser tomadas em todos os setores do governo, ainda havia que se enfrentar boatos irracionais, mas que causavam transtorno ao correrem pelas ruas, como os de que com a vitória revolucionária as famílias brancas e negras seriam obrigadas a se mesclar, que isso seria obrigado a se realizar de forma arbitrária, ou que se acabaria com o pátrio poder e os filhos dos cubanos seriam tomados pelo governo e enviados para a União Soviética, além de outras sandices do gênero, que eram inculcadas nas pessoas pela forte campanha dos menos de 10% da população que representavam a elite na época e que haviam perdido seus privilégios, apoiados, claro, pelos Estados Unidos da América, até então, praticamente donos da ilha de Cuba. Sobre isso, Frei Betto lembra que nos primeiros séculos do cristianismo também houve muitas dessas coisas, que se dizia, por exemplo, que os seguidores de Cristo comiam carne humana.

Também diferente do que faz pensar a propaganda enganosa e odiosa contra o socialismo, que diz que todas as pessoas recebem os mesmos valores independentes de sua contribuição à sociedade, Fidel explica que no socialismo se retribui a cada um de acordo com sua capacidade e com seu trabalho e no comunismo cada um recebe de acordo com suas necessidades. Ou seja, as diferentes funções sociais têm diferentes remunerações. No entanto, o que não existe é a grande desigualdade entre um funcionário no mais baixo nível hierárquico e outro no mais alto e nem a exploração do homem por um semelhante; todos trabalham pelo Estado, ou seja, pelo bem comum.

Ainda bastante alinhado com o atual papa Francisco, em 1985 Fidel disse a Frei Betto: “às vezes utilizo aquela frase de Cristo, que dizia: ‘É mais fácil para um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que para um rico entrar no reino dos céus”. E Frei Betto complementou: “Não significa, do ponto de vista teológico, que Jesus fez uma discriminação com os ricos, significa que Jesus fez uma opção pelos pobres”. Exatamente o que está fazendo agora o papa e pedindo que os fiéis de sua igreja o façam.

No final do livro, Frei Betto afirma estar convencido que as palavras, opiniões, ideias e experiência de Fidel viriam a ser, sobretudo para os leitores cristãos, não somente um alento para sua esperança política, mas também uma força para sua vida cristã.

Como leitora não cristã, posso dizer que o livro abriu minha mente e diminuiu muito de meu preconceito contra a religião. Pude perceber que o problema, como sempre, está nos homens, que tudo distorcem com seu egoísmo desenfreado. Por isso, mesmo não tendo relação alguma com religião, me interessei por ler sobre o assunto. Afinal, ficar na ignorância, eu não aguento.

Quem se interessar pela leitura, pode encontrar o livro em português, a ótimos preços, em sebos virtuais como o Sebo do Messias e a Estante Virtual, que tem também a versão em espanhol.

Tentando entender Cuba

Explicar por que escolher ir a Cuba não é difícil. Difícil é explicar por que voltar para casa tão rápido.

Tudo foi maravilhoso. Mesmo com os contratempos – tive uma forte reação alérgica, dos três dias de praia em Varadero só uma tarde teve céu aberto e nossa agenda não coincidiu com a do Museu da Revolução, que tanto queríamos conhecer -, a ideia de voltar a visitar a ilha não nos sai da cabeça. Na viagem de volta para o Brasil, já planejávamos o retorno e isso não é comum para duas pessoas que adoram desbravar novos lugares, conhecer novas culturas e não se adaptam a rotinas e repetições.

ruas de Cuba

O fato é que ainda há muito o que conhecer e compreender em Cuba e temos que ir enquanto ela não se iguala a outros lugares do planeta, porque a abertura econômica pode estar levando a isso, o que fará perder grande parte do charme.

Para entender Cuba, além de se despir de seus conceitos, formados em uma sociedade completamente distinta, é preciso estudar, ler, aprender. Ir lá, dar uma olhada superficial, ter vida de turista e sair ditando tratados sociológicos, é, no mínimo, irresponsável. Se não estiver disposto a tanto, apenas vá, aproveite a beleza e a efervescência cultural da cidade de Havana, se acabe nos mares de água verde e limpa do Caribe, desfrute dos maravilhosos hotéis cinco estrelas (estatais, claro) e faça apenas comentários de turismo. Não se aventure.

Posto isso, vou dar aqui apenas uma pincelada no que pude ver além do olhar turístico, porque não tive tempo nem condições de me dedicar tanto quanto seria necessário para ir além. Vou tentar, ao máximo, zerar meus valores e preconceitos para entender o melhor possível o pouco que vi.

Interior da Catedral de Havana

Interior da Catedral de Havana

Religião – O velho Flosi já ensinara que Cristo foi o primeiro comunista de que se tem registro. Não o Cristo na cruz, filho de um ser imaginário, mas o Cristo figura histórica. No livro Fidel y la religion, que traz conversas de Fidel com Frei Betto, o comandante cubano analisa: “Eu lhes digo que há um grande ponto de convergência entre os objetivos que preconiza o cristianismo e os que buscamos os comunistas; entre a doutrina cristã da humildade, da austeridade, do espírito de sacrifício, do amor ao próximo e tudo que se pode chamar de conteúdo da vida e conduta de um revolucionário”.

Em uma conferência realizada em Cuba, dias antes da entrevista com Fidel para o referido livro, Frei Betto afirma: “Para Jesus, o mundo não se divide em puros e impuros, como queriam os fariseus; se divide entre os que estão a favor do partido da Vida e os que apoiam o partido da Morte. Tudo o que gera mais vida, do gesto de amor à revolução social, está alinhado com o projeto de Deus, da construção do Reino, pois a vida é o maior dom que Deus nos dá”.

Aponto essas citações para observar o fato de que a religião não é execrada, nem tão pouco proibida ou coibida na ilha comunista. O governo, inclusive, transfere recursos para algumas obras da igreja. Me pareceu mais democrático, até, do que países como a França, que se dizem laicos e proíbem uma estudante de entrar na escola com a cabeça coberta pelo véu muçulmano, mas outra pode entrar na mesma escola com uma cruz pendurada no pescoço.

Tudo é do povo, porque é do Estado – em Cuba existem hoje o que no Brasil chamamos parcerias público-privadas, onde o governo se associa a empresas privadas (no caso de Cuba, estrangeiras), que querem investir no país. Lá, neste modelo, no mínimo metade do empreendimento e 100% dos funcionários são cubanos. Isso faz parte da abertura da economia, implantada nos anos 1990. Nas ruas, os mais velhos, que viveram a revolução e sabem a diferença que fez ao país, não aprovam este novo modelo e temem: “Estamos a caminhar rumo ao capitalismo. Está mui mal a coisa”. Esses prefeririam se manter comunistas puros, sem influência e presença de empresas privadas, ainda que em situação minoritária. Já para os mais jovens, a quem os apelos das propagandas comerciais de consumo atingem mais facilmente, a abertura tem sido positiva, permite acesso a bens que antes não podiam ter. Não se sabe o quanto esses bens eram necessários, mas agora são e parte da população tem gostado de acessá-los.

Modelo econômico – a revolução em Cuba implantou um novo modelo econômico, que nunca foi testado em sua plenitude. Houve um embargo, que significava algo assim: se você comercializa com Cuba, não comercializa com os Estados Unidos. Isso, em um momento em que se tinha imputado ao mundo a ideia de que os Estados Unidos valiam alguma coisa, de que o bom era ter na sua casa um pote de xampu americano (ainda que a qualidade fosse ruim perto do que se tinha de oferta em outros países). Então, nunca saberemos o sucesso que teria sido Cuba se tivesse podido importar para a ilha tudo que não era produzido lá e exportar para qualquer país seu excedente. Como seria poder ter feito isso sem permitir a exploração do homem pelo homem, princípio até hoje mantido na ilha?

Eles comem criancinhas – a imagem vendida de Cuba em oposição à americana é caricata, para não dizer ridícula. Mas para a pessoa média, que se conforma com as informações dos jornalões, passa a ser fato. Frei Betto, no já citado Fidel y la religion, afirma que a imagem de homens maus dos comunistas é parte dos caprichos do imperialismo que, mediante seus poderosos meios de comunicação desenha em nossas cabeças a caricatura dos seus inimigos. “Pinta a Raul [Castro, irmão de Fidel, ministro das Forças Armadas de Cuba nas primeiras décadas após a revolução] como a um sectário e a John Kennedy como um bom moço. Mas quem planejou, organizou, patrocinou e financiou a invasão da Baía dos Porcos, em 1961, em flagrante falta de respeito à soberania do povo cubano, foi o jovem, risonho, democrata e católico marido de Jacqueline”. E é isso que temos visto os Estados Unidos da América fazerem ate hoje: pintam como malvados seus inimigos econômicos para justificar sangrentas guerras e ataques cruéis.

Em resumo, o que ficou para mim foi a impressão de um lugar lindo, tanto na arquitetura quanto nas belezas naturais. Um povo simpático, gentil, quase ingênuo e muito amável. E um governo de cunho matriarcal, que quer fazer os filhos usarem agasalho mesmo quando estes não sentem frio. Explico: a moça que não gosta do leite de soja ou o senhor que pede xampu, citados no texto Estamos adorando Cuba são como jovens que saem de casa vestindo só camiseta quando a mãe diz que se faz necessário agasalho.

O governo age como se quisesse o melhor para seus filhos. Quer controlar, por exemplo, o uso de óleo na alimentação, porque quer que haja diminuição das frituras na mesa da família cubana. E todo esse controle exercido em diversos aspectos pelo governo é baseado, muitas vezes, em pesquisas, em resultados da medicina e da ciência. Mas, até que ponto o cidadão não tem o direito de se acabar no colesterol? Não seria suficiente, para um povo tão culto, tão inteligente, receber a informação? É preciso isolá-lo das más influências? Em todo o mundo, é isso que as mães tentam fazer o tempo todo. Mas não é paternalista demais um governo decidir como são as ações cotidianas nos interiores dos lares? Não sei. Preciso voltar para viver mais e compreender melhor, porque eu não aguento gente que critica ou idolatra sem ter tentado compreender com o mínimo de profundidade o que se passa.

sinal fechado em Cuba

Comendo em Cuba

A gastronomia cubana me pareceu bastante simples, com cara de comida de mãe. Muito boa, saborosa, mas sem grandes elaborações. Posso estar sendo injusta, porque metade do que se oferece por lá, eu não posso comer por questões de alergia. Afinal, em uma ilha, peixes e frutos do mar não poderiam deixar de ser o forte. Além disso, a culinária cubana tem grande influência espanhola e africana, o que para mim é, praticamente, comida de casa. Também tudo é bastante oleoso e ando evitando óleo demais na comida. Mas, até mesmo as sobremesas, que sempre me interessam, não me surpreenderam. Em geral, são feitas de frutas típicas de regiões tropicais, com melaço da cana de açúcar.
Por outro lado, a efervescência histórica do lugar pode ter se sobreposto e redirecionado meus interesses. Mas, é claro, comemos por lá, conhecemos ótimos lugares, ambientes agradáveis, pontos históricos e frequentados por personalidades de diversas partes do mundo. Assim, é possível traçar um pequeno roteiro.
Os pratos variam muito em torno dos seres que vivem no mar, como eu já disse, além do porco e do frango. Eu gostei bastante de um que comi no La Bodeguita del Medio, que era carne de porco e arroz com gris, um arroz misturado no feijão preto, que fica uma delícia. Em geral, a salada que acompanha os pratos é feita, basicamente, de legumes e não tem muita variedade de folhas. O mais comum é ter só repolho. Também adorei as bananas chips que acompanhavam alguns pratos ou serviam como entrada. Ainda que seja na categoria fritura, eu não resisto!
Na Plaza de la Catedral (citada no post anterior, Cuba Turística) tem o El Patio, com cardápio variado, vasta adega e ambiente bastante animado. Quem optar por ficar no térreo, vai poder acompanhar os dançarinos do restaurante e entrar na dança também. No andar de cima tem um ambiente interno e uma pequena varanda, com meia dúzia de mesas, onde é possível se divertir vendo a dança lá embaixo, sem necessariamente pagar o mico.
Perto da Plaza de la Catedral, seguindo pela rua Empedrado, no primeiro quarteirão está La Bodeguita del Medio. Um dos pontos mais famosos de La Havana, por ter sido frequentado pelo escritor Ernest Hemingway e seus amigos Fidel Castro e Nat King Cole. Lá, Hemingway tomava Mojito. A bebida é feita com 20 ml de suco de limão, meia colher de açúcar, 100 ml de água com gás, um galho de hortelã (cerca de 8 a 10 folhas) amassadas com pilão, três cubos de gelo e uma dose de rum branco.
La Bodeguita del Medio
Em outro ponto não muito distante, na rua Obispo (que está paralela à Empedrado), fica o restaurante Floridita, onde Hemingway ia para tomar Daiquiris. Este drinque também contém rum branco, suco de limão, açúcar e gelo, desta vez picado e não em pedras. Devo dizer que depois de conhecer os locais populares e as bebidas suaves no sabor, mas com alto teor alcoólico escolhidos por Hemingway, seus livros ganharam ainda mais valor para mim. O cara sabia viver.
tuKola e BucaneroPara quem é mais do tipo cervejeiro, em Cuba também são produzidas cervejas, como a Cristal e a Bucanero. E para sair das alcoólicas, nos restaurantes, em geral, você encontra algumas opções de suco natural e “de caixinha” e até Coca-Cola e outras bebidas da marca, como Fanta, Sprite, etc. Mas é muito mais charmoso tomar tuKola, o refrigerante cubano, não?
Bem perto do Floridita, exatamente em frente ao Capitólio, fica a opção boa e barata da região de Havana Vieja: o restaurante Los Nardos. No site Melhores Destinos tem a indicação do restaurante, como sendo cheio de pompa, mas com excelente custo-benefício. O cardápio parece ser bastante variado, com foco nos peixes, camarões e frutos do mar. Além disso, o texto já indicava o que pudemos comprovar ao chegar lá: fila enorme na porta. Minha alergia aos peixes e seus parentes e a fome que não permitia esperar na fila fizeram com que não conhecêssemos o lugar por dentro. Quem sabe, na próxima…
Na rua 23 com L fica a sorveteria Coppelia, situada em um jardim, perto do hotel Nacional. O jardim tem um pavilhão de concreto com obras de arte. A sorveteria é tradicionalíssima e famosíssima em Cuba. Também costuma ter filas. Mas, por termos ido numa segunda-feira, quando o jardim está fechado e só se tem acesso mesmo à sorveteria, demos sorte e não tinha fila. O bom do sorvete é ser artesanal.
Vista do alto do hotel Habana Libre
Na esquina em frente à Coppelia, fica o Hotel Habana Libre, que tem um café que funciona 24 horas, 3 bares, 4 restaurantes e muita história. O hotel pode ser considerado o mais emblemático da cidade. Foi construído sob a ditadura de Fulgêncio Batista, na década de 1950. Após a vitória revolucionária em 1 de janeiro de 1959, serviu de alojamento para Fidel Castro e sua coluna. Por três meses, o posto de comando da revolução trabalhou no apartamento 2324 do hotel.
Chegando na famosa suíte 2324

Chegando à famosa suíte 2324

No lobby é possível ver uma galeria de fotos com registro das atividades por ali nos primeiros dias pós revolução.

Galeria de fotos no Habana Libre

Cuba turística

Existem muitos destinos diferentes em Cuba. Tem história no norte e no sul da ilha, tem lagos, montanhas e prados maravilhosos – onde se encontram até vinícolas – no centro, tem praia para todos os gostos, sempre azuis e paradisíacas. Vale lembrar que estamos na região do mar do Caribe ou das ilhas Caraíbas, como dizem os amigos de Portugal.

Como tínhamos míseros 7 dias, fizemos o basicão, que se resume à capital do país, Havana, e Varadero, uma península com 22 quilômetros de praias, a cerca de duas horas da capital, na província de Matanzas. Não vou aprofundar sobre Varadero, porque ficamos três dias dentro do hotel, que é um resort do estilo coma e beba o quanto quiser, inclusive do frigobar do quarto, e as atrações são: praia, piscina, restaurantes, apresentações culturais… Aliás, em Varadero, hospedagem desse tipo é o que mais tem. Para encontrar hotéis em qualquer um dos destinos de Cuba você pode usar o site de reservas Trivago. Lá você tem a lista dos principais sites de reserva de cada hotel e é possível conferir, inclusive, a opinião de quem já se hospedou.
Em Havana, a primeira dica é ir até o centro, conhecido como Havana Vieja e caminhar, caminhar, caminhar… são ruas antigas, com casas históricas, “do tempo da colônia”, como diria um moçambicano. O centro está em restauração total. Há muitos homens trabalhando em todos os lados. Mas, nada que atrapalhe o turismo. O que mais atrapalha, na verdade, é a falta de informação. Por exemplo, mesmo nos hotéis de redes internacionais onde, normalmente, na recepção você encontra folhetos e informações de pontos turísticos e mapas da cidade, nada existe. Conseguimos um mapa, pedindo a uma pessoa da recepção e nada mais. Então, tem que ir preparado para desbravar e arriscar horários e rotas. Para informações turísticas oficiais, o Portal Cuba – Turismo é o que encontrei de mais completo, além disso você pode visitar os centros de informação turística Infotur, em alguns pontos da cidade.
Palacio de Artesanía

Palacio de Artesanía

O ponto de partida pode ser o Palacio de Artesanía, que fica bem em frente ao edifício da Polícia Nacional Revolucionária. Lá dentro há um café e diversas lojas de… artesanato, como não podia deixar de ser com esse nome! Bolsas e carteiras de couro, acessórios, bijuterias, roupas, objetos de decoração em madeira… cada loja trabalha com um tipo de material. No térreo há também uma loja de bebidas e petiscos como salgadinhos e chocolates para levar. As bebidas vão do café ao rum, um dos principais produtos de exportação de Cuba.

Eu não lembro de ter visto no Palacio venda do famoso charuto, também importante para a economia cubana. Mas, curiosamente, foi lá que comprei os tais. Ou, quase lá… na cooperativa, como dizem. Sinceramente, eu não consegui entender ainda o grau de legitimidade da tal cooperativa. Mas, segundo nos informaram, haveria autorização do governo cubano para os funcionários das fábricas de tabaco formarem cooperativas e comercializarem o produto. Enfim, a cooperativa que eu fui funciona na casa de uma família, em um edifício ao lado do Palacio da Artesanía. Ruim o charuto não deve ser. Sem contar que valeu só por eu ter entrado e sentado no sofá e conversado com uma família cubana. Na dúvida, compramos também charutos em uma loja oficial da Cohiba, uma das principais marcas do país. Foi divertido que o senhor que me conduziu à tal cooperativa é uma espécie de chefe dos guias que ficam em frente ao Palacio de Artesanía abordando os turistas. Ele organiza a galera, entende a característica de cada turista, tem a fala mansa e, como sempre, conhecimento de cultura, história, geografia… Fomos lá por dois dias e acabamos nos entretendo muito com o cara, o que justificava também se deixar cair na conversa dele.

No El Patio, com a Catedral ao fundo

No El Patio, com a Catedral ao fundo

Seguindo pela rua Cuba, que é a própria do Palacio de Artesanía, você vai encontrar a Catedral de San Cristóval de La Habana, na Plaza de la Catedral. Assim como a Catedral, construída no século XVIII, os edifícios da praça têm estilo barroco. Em um deles funciona o simpático restaurante El Patio. Ao lado, tem outra loja grande de artesanato variado.

Em todas as ruas da região, há prédios antigos onde ficam alguns comércios e também moradias dos cubanos. É curioso andar pelo centro à noite e ver a sala, cuja janela dá direto para a rua, com a televisão ligada na novela brasileira.

Capitólio 2Outro ponto de interesse em Havana Vieja é o Capitólio Nacional, uma construção imponente, da segunda década do século XX, muito parecida com o Capitólio de Washington, D. C, nos Estados Unidos da América. Já foi sede do governo cubano, Biblioteca Nacional e Academia Cubana de Ciências. Atualmente, está fechado para reforma. Logo atrás, fica a fábrica de Tabaco Patargás, também fechada para reforma. Mas a lojinha funciona.
No sentido oposto, seguindo pela rua Obispo, fica a Plaza de Armas. Na primeira praça da cidade é possível encontrar diversas barraquinhas de antiguidades, discos de vinil e livros usados. Na mesma praça fica o Museu da Cidade, abrigado na antiga casa de capitães generais cubanos, que foi também palácio presidencial. No museu é possível ver móveis e utensílios de séculos passados, além da galeria de fotos dos capitães que por lá passaram.
Em pontos mais afastados, mas acessíveis por meio de breves corridas de táxi, ficam o Malecón e a Plaza de La Revolución. O Malecón é um grande calçadão à beira do mar. É uma parte aterrada da cidade e não tem praia entre as ruas e o mar, apenas um muro onde batem as ondas, muitas vezes ultrapassando os limites do concreto e molhando os desavisados que caminham por lá.
Malecón visto da janela do hotel

Malecón visto da janela do hotel

Do próprio Malecón, seguindo pela rua Paseo, em uma caminhada de meia hora por quadras residenciais de arquitetura colonial, chega-se à Plaza de La Revolución, um dos cenários mais conhecidos de Cuba no exterior, por ter aparecido sempre repleta de cidadãos assistindo aos longos discursos de Fidel Castro. É uma enorme praça de concreto, rodeada de edifícios, onde em dois deles constam as imagens de Che Guevara e Camilo Cienfuegos, dois dos principais revolucionários que, ao lado de Fidel, libertaram o país da ditadura de Fulgêncio Batista. Em frente à praça fica o Memorial a José Martí, político e jornalista criador do Partido Revolucionário Cubano (PRC) e grande mártir da independência de Cuba com relação à Espanha.
Ao fundo Che e Cienfuegos. Na frente, Castro. Não o Fidel, outro Castro

Ao fundo Che e Cienfuegos. Na frente, Castro. Não o Fidel, outro Castro


placa Cabo da Boa Esperança

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