Archive for the 'Quarenta' Category

Consulte sempre um profissional

Há alguns anos, a Ordem dos Advogados do Brasil tinha uma campanha cujo slogan era “Consulte sempre um advogado”. Em tempos de redes sociais que permitem que todo mundo se sinta habilitado a palpitar sobre tudo, eu ampliaria a frase para “consulte sempre um profissional”. Qualquer profissional. Para tudo que precisar, sempre é melhor um profissional.

Recentemente tirei férias e para escolher o destino e hotel procurei referências na internet. Na minha ilusão, eu encontraria informações em sites que estariam substituindo os antigos guias de viagem em papel. Mas isso é praticamente impossível. Os poucos sites de viagem que existem apresentam textos claramente elaborados por assessorias de comunicação dos hotéis e não por jornalistas que foram aos locais e avaliaram os estabelecimentos com olhar técnico, observando os itens a partir de um check-list que garanta comparação justa entre os diversos estabelecimentos do mesmo tipo.

O que mais se tem utilizado, aparentemente, são os sites de agendamento de viagens, onde há descrição oferecida pelo hotel e avaliações de hóspedes. Mas, o problema da avaliação do hóspede é que ela não é técnica e mistura emoções pessoais. Dependendo do momento da sua vida, o mesmo lugar pode ser maravilhoso ou um desastre completo.

O hotel que acabamos escolhendo para passar nossa semana de férias recebeu notas mínimas e máximas de hóspedes que tinham ficado no mesmo período no estabelecimento. Isso tem a ver tanto com o momento individual de cada hóspede quanto com as expectativas e experiências anteriores de cada um. Quando não se tem um olhar técnico, a avaliação fica totalmente subjetiva. No mesmo período de hospedagem diferentes pessoas fizeram comentários indicando que o hotel era de péssimo a maravilhoso.

Sem contar o tanto de observações absolutamente vazias como “comida ok”, “café da manhã fraco”, “falta processo, falta método”, “os souplats são feios e de baixa qualidade”… Mas, gente! Como escolher um hotel com base nisso? Tem um comentário que mostra bem como tudo é questão de referência: “comida que eu mesma faço em casa”. No meu caso, qualquer porcaria seria melhor, eu não sei cozinhar… Ou seja, aquilo que antes era dado como opinião para os amigos na mesa do bar extrapolou para uma informação de massa.

Sou velha – já há quase uma década nos enta -, sou do tempo que ouvinte ouvia, senão seria chamado falante, e do tempo que se escolhia pra onde viajar com base em avaliação profissional e não na experiência dos outros. Outros que você nem conhece… não é a mesma coisa que um amigo indicar um lugar pra ir, porque é uma pessoa que você conhece, sabe os parâmetros de exigência e tal… é um ser aleatório, que pode ter inúmeras razões pessoais para detonar ou super avaliar bem um estabelecimento.

Mas, como isso não se encontra mais – pelo menos não com a facilidade de antes – deixo aqui a minha experiência pessoal: super recomendo o Confraria Colonial Hotel Boutique. Passamos uma semana maravilhosa lá, com um atendimento de primeira, diversão para os cachorros e paz absoluta. Pode ser influência do bom momento pessoal? Pode. De toda forma, vou ousar escrever um pouco sobre como foi nossa estadia no hotel, pra ajudar quem procura opinião a respeito… Vejam aqui.

O pior do ser humano

Está aí o fim de ano, período de festas e férias e, com ele, a temporada de descarte. Infelizmente, não estou falando de descarte de coisas que as pessoas não usam mais em suas casas. Estou falando de descarte de vidas. Em um só dia, na minha página do Facebook vi dois posts de gente que está doando seus cães. Motivo: mudança.

marco-antonio-guimara%cc%83esUm deles, o dono é o Marco Antonio Guimarães, parece que do Rio de Janeiro. O outro só sei que é de Belo Horizonte, mas não tive acesso ao nome da dita família. A posse responsável de animais não se trata apenas de cuidar bem, alimentar, manter hidratado e acompanhar sua saúde, implica também em entender que é um ser vivo, que tem sentimentos e que sua existência pode durar algumas décadas. Antes de escolher ter um animal para alegrar a sua casa, é importante entender que sua vida passa a estar atrelada a ele, que você terá que ser responsável por sua existência, enquanto ela durar.

Qualquer pessoa que tenha tido breve contato com animais domesticados sabe que eles são extremamente sensíveis, capazes de se comportar de forma diferente se os humanos que moram com eles estão tristes ou doentes. Quando alguém da família se ausenta por longo período ou morre, eles ficam claramente prostrados. Quando a família viaja, mesmo que os animais fiquem em locais que eles adorem, com pessoas que conhecem e os tratem bem, o retorno é sempre uma festa.

O animal é parte da família. Ele dá vida e alegria para a casa, ele é companhia e conforto. Ele traz benefícios para a saúde dos humanos com os quais convive. Como é possível, depois de ser beneficiado, de tantos bons momentos, a família achar que aquele ser não cabe mais na sua vida e pronto?

No segundo caso que citei, chegou o dia da família se mudar e eles simplesmente colocaram o cachorro do lado de fora da casa e tchau. Uma pessoa que sabia da ameaça que o cão sofria e estava monitorando o caso acabou ficando com o cão como lar temporário. O primeiro caso, parece que antes de se mudar encontrou alguém que quisesse. Mas eu não diferencio um do outro. Entrega o cão com seus pertences como se fosse uma blusa que você decide que não vai mais usar e deixa pra trás na mudança? O cão se apegou àquela família, aos cheiros, às coisas dela, tem seus hábitos construídos a partir daquela convivência, como horários de dormir e comer.

O que me deixa mais chocada ao ver a proliferação dessas situações é que pessoas que, a princípio, realmente amam seus animais de estimação, passam a mão na cabeça de gente que tem esse tipo de atitude e ainda argumentam: é melhor a família tentar encontrar um lar do que simplesmente deixar na rua. No caso, é no máximo, com muita bondade, menos pior, não tem melhor. Passar a mão na cabeça de gente que comete uma crueldade dessas é contribuir para a banalização da doação. Então, o cara faz um post no Facebook, doa o animal em vez de deixar na rua e aí fica de bonzinho? Não, não é bonzinho não. É cruel, é malvado, não tem coração, não mereceu nem um minuto da felicidade que aquele animal deu a ele.

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Em Belo Horizonte, esse cara foi deixado pra trás

 

Existem diversos estudos que mostram que a personalidade do animal de estimação se parece com a do dono. Ou seja, as pessoas com quem o cão ou gato convivem moldam a forma desse animal ser. “A própria ideia de que os cães têm uma personalidade pode parecer estranha para algumas pessoas, mas experiências anteriores demonstraram que características humanas como a extroversão podem corresponder a medições objetivas do comportamento de um cachorro – como, por exemplo, se ele é agressivo com estranhos ou se são mais tímidos”, conforme consta em matéria da BBC sobre estudos que mostram como os cães se parecem com seus donos. A matéria destaca ainda que “um cão pode viver mais do que um casamento, segundo as estatísticas de divórcio.” Já existem casos, inclusive, de sentenças judiciais regulamentando a guarda compartilhada de animal doméstico no caso de separação do casal.

Então, imagine que trauma é para o animal, de uma hora para outra, perder todas as suas referências. Não é uma pessoa da família que morreu ou foi morar longe e ele ficou com as demais, não é a casa que mudou e ele não tem mais o sofá que gostava, mas tem as pessoas. É tudo ao mesmo tempo: perde todas as pessoas que conhecia como família, perde todos os móveis, perde a casa, perde todas as referências. Não consigo passar a mão na cabeça de ser humano que faz uma coisa dessas. Para mim, é crueldade em nível avançado.

Posse responsável deveria implicar em assumir um compromisso com aquela vida enquanto ela existir. A vida é feita de escolhas e, se a pessoa escolheu ter um animal de estimação para alegrar a sua vida, pode ter que, no futuro, abrir mão de determinadas mudanças ou situações que impeçam a presença do animal. Gente que não entende isso, eu não aguento!

 

 

 

Números deste blog em 2015

Mais uma vez o WordPress providenciou o relatório de atividades do Quem Aguenta? e agora podemos acompanhar aqui os dados de 2015.

Foram cerca de 18 mil visitas, de mais de 100 países. As redes sociais Facebook e Twitter foram os sites que mais mencionaram o blog no ano passado.

estatísticas

O post com mais visualizações foi Curiosidades para ficar bem em Cuba e o mais comentado foi Dois países, quatro hotéis. Ambos de viagens de férias. O relatório trouxe ótimas lembranças!

Veja aqui o relatório completo.

 

Casa grande e senzala na sala da podóloga

pé desenho

Outro dia fui cuidar da higiene dos pés e das mãos e, enquanto a podóloga dava conta de uns e a manicure dava conta das outras, na TV da salinha onde eu era atendida, Dilma participava de cerimônia de entrega de casas do programa Minha Casa Minha Vida.

O tema da TV virou assunto da conversa. Eu estava entretida com uma leitura, mas não tinha como não ouvir o que contavam as duas. Entre podóloga e manicure, pelo menos dez pessoas foram citadas por estarem adquirindo casas pelo programa que aparecia na TV. Estavam comprando suas próprias casas. Adquirindo com dignidade, mas dentro das suas condições. Nada de ganhar do governo, como se fazia antigamente. Entre estas pessoas, a própria podóloga, que comentou ainda que o apartamento que recebeu era melhor do que ela esperava. Tanto no tamanho quanto no acabamento. E sua tia, além da casa, adquiriu também móveis novos, com o cartão Minha Casa Melhor.

No fim do ano, ela contou que vai tentar entrar na faculdade, fazendo uso do programa Prouni, que concede bolsas de estudo integrais e parciais em instituições privadas de ensino superior. Afinal, ela tem o curso de podologia, mas quer ir além e sabe que pode. Mas, com o salário que recebe não teria como pagar uma faculdade ou um cursinho para passar numa estadual ou federal.

Conversa vai, conversa vem… acabei participando em alguns momentos, até que a podóloga comentou algo sobre as eleições que estão chegando. Foi a deixa para eu fazer a pergunta: e aí? Vai votar na Dilma? Para mim era uma pergunta retórica. Mas não. A resposta foi surpreendente: “não vou votar, não. Vou anular”. Prossegui na conversa psicodélica na qual tinha me metido, porque agora eu queria desfazer o mistério. Ela confirmou que não votaria na Dilma, mas que também não via ninguém melhor que ela, porque ela tinha feito muitas coisas boas. E, afinal, chegou à explicação: “Meus clientes todos falam que ela não é boa. Não tenho nenhum cliente que vote nela. Então ela não deve ser boa”.

Tudo fez sentido.

Não basta oferecer condições para as pessoas mudarem suas vidas, terem acesso aos espaços de consumo, usarem o mesmo perfume que a patroa, pegarem o mesmo voo que o executivo, adquirirem casas sem ser de favor, ingressarem nas faculdades ou em cursos profissionalizantes para construírem um futuro melhor para elas e suas famílias. É preciso ensinar às pessoas seu valor na sociedade: exatamente o mesmo de qualquer outra pessoa. É preciso tirar das pessoas o ranço da casa grande e da senzala. É preciso fazer com que os próprios empregados não achem que exista o espaço do empregado e o espaço do patrão. Porque, enquanto não conseguirmos isso, os empregados serão subalternos intelectuais de seus patrões.

Para aquela pessoa eu tive a oportunidade de falar sobre isso, sobre os motivos dos clientes não gostarem da Dilma. Eu a fiz pensar sobre o quanto se paga para fazer o pé num ambiente daquele. E o quanto as pessoas que têm dinheiro para pagar isso, em geral, não querem que ela saia do banquinho de cuidar do pé dos outros. Querem que ela fique exatamente ali para sempre. E, para isso, a Dilma não serve mesmo…

 

 

Um ano

foto 8

Foi muito rápido. Um dia nos falamos por telefone, como sempre, e alguns dias depois, fui encontrá-lo no hospital, já sem fazer nenhum sentido. Não houve definhamento, não houve involução. Acabou. Egoísmo meu querer que houvesse. Mas ser pega de surpresa, de uma semana para outra não ter mais meu conselheiro, orientador e confessor, meu pai amigo, exemplo e protetor, foi muito forte.

Na verdade, eu sei que havia 40 anos que eu deveria estar me preparando para o dia. Afinal, desde que nasci ele já percorria seu caminho rumo ao fim, como todos fazemos a cada dia que passa. Ele, naquela altura, já estava há 32 anos na jornada. Mas eu não me preparei, não soube como seria dura e profunda a dor que agora carrego.

Hoje ainda não posso acreditar que essa dor vá passar um dia. Talvez passe, mas hoje não passou e não tenho esperanças. É uma dor física e sentimental, que me acompanha todos os dias, há 365 dias. Acho que com o tempo, o que a gente faz é parar de aborrecer os amigos com as dores da existência e de seu fim e aí fica a impressão de que passou. Mas não passa.

Que o dia de hoje seja curto. Só isso.

Estamos adorando Cuba

Tínhamos uma semana de férias, exatos 7 dias, e o destino escolhido foi Cuba. Logo no segundo ou terceiro dia nos perguntávamos por que havia demorado tanto, por que esse destino não foi escolhido antes. Adoramos Cuba.

Em certa medida, ter conhecido Cuba depois de outras experiências, como a África, por exemplo, foi muito bom, porque o exercício de nos despirmos de nossos valores e conceitos, de nossa cultura original, já tinha sido praticado muitas vezes antes e ficou muito mais fácil. E, para Cuba, é extremamente necessário.

Antes de ir, ouvi comentários favoráveis e contrários, indicando que a ilha de Fidel seria o paraíso ou o inferno. Aliás, a conotação religiosa cai bem, porque esse é um dos primeiros pré conceitos que ficam para trás. Não, os comunistas não são necessariamente contra o culto religioso. Depende, claro, de como as coisas são feitas. Se é alienante, não é bom. Como também não é bom o trabalho alienante. Como nunca é bom ser alienado, porque torna a pessoa vulnerável e esta passa a ser oprimida por outro. Mas isso daria um livro e não um texto de um blog. Voltemos às impressões mundanas…

Logo no início do livro Fidel y la religion, que traz conversas de Fidel com o Frei Betto, a citação de uma frase do comandante da revolução de Cuba diz tudo: “Nos casaram com a mentira e nos obrigaram a viver com ela”.

O fato é que Cuba não me pareceu nem o paraíso nem o inferno. Em verdade, a única coisa que posso mesmo dizer é que preciso voltar. Preciso de mais tempo. Ninguém que tenha passado menos de seis meses em Cuba poderá dizer o que é aquele lugar. É preciso tempo para digerir tudo que se vê e construir raciocínios claros e minimamente justos. E, mesmo que se passe anos por lá, se não tiver a capacidade de rever seus valores, compreender novos conceitos, se abrir para enxergar todas as relações humanas sob um novo ângulo, nunca se compreenderá Cuba.

É fácil se impressionar com a moça que lhe pede para comprar um saco de leite em pó para ela, porque tem duas filhas pequenas e o leite que o governo lhe dá não é suficiente para o mês todo. Na verdade, o tipo de leite que ela gostaria de receber e para beber na quantidade que ela gostaria é que não lhe é dado. Ela recebe leite de vaca em uma quantidade reduzida e leite de soja em maior quantidade. Mas não gosta. Também é tentador pegar um pote de xampu que o hotel lhe oferece e entregar para o cubano que fica na porta do hotel pedindo xampu como se isso fosse a coisa mais importante de sua vida.

Por outro lado, é curioso descobrir que os cubanos que querem deixar Cuba podem fazê-lo e que todos os anos quase 950 mil cubanos saem, fazem turismo, e 830 mil voltam para continuar sua vida no comunismo. Ou seja, menos de 13% se estabelecem no exterior. O que não deve ser uma marca muito maior que a média mundial. Vale ressaltar que apenas 0,6% das pessoas que querem sair do país são proibidas pelo governo.* É bom lembrar que isso acontece em qualquer país do mundo. No Brasil, por exemplo, quem não está em dia com as obrigações eleitorais, não pode ter passaporte. Assim como quem está em dívida com a justiça ou sob julgamento. O número 0,6% não me parece algo ao que devemos nos apegar, certo?

Para mim, foi encantador ver o nível de conhecimento geral, de geografia, de história e de lógica de qualquer pessoa nas ruas. Até mesmo do homem que pede xampu.

Eduardo ao lado dos funcionários do governo cubano que, nos restaurantes, cozinham, servem e alegram o ambiente com a autêntica música cubana

Eduardo ao lado dos funcionários do governo cubano que, nos restaurantes, cozinham, servem e alegram o ambiente com a autêntica música cubana

É surpreendente e maravilhoso saber que todos os músicos que você ouve nos bares e restaurantes por onde vai – e lá sempre tem música ao vivo – são pagos pelo governo, pelo ICRT – Instituto Cubano de Rádio e Televisão.

Ou seja, para entender Cuba, esqueça tudo que você sabe da vida até agora. É preciso rever até o valor de um xampu. Um amigo que foi para lá antes de nós, comentou: “em Cuba, todos são formados para ser engenheiros da Nasa, não tem gente com menos conhecimento lá”. E é isso mesmo. Só que ao cara que tem cabeça para ser engenheiro da Nasa foi dito que lavar os cabelos com um sabão inferior é mais grave do que não ter cultura. Para ele, isso passou a ser verdade e toda sua formação cultural deixou de ter valor.

Por isso, para entender Cuba, é preciso, inclusive esquecer o formato de vida que você vive. Olhe a sua volta, pense nos trabalhadores que encontra ao longo do dia: ascensorista, atendente na padaria, garçom, comerciário, artesãos, pintores, bancários… todos eles são funcionários do governo. Uma dessas pessoas comentou conosco sobre os cubanos que trabalham no exterior, o que é um grande orgulho para o país. E, para ela, mais orgulho ainda é o fato deles continuarem sendo funcionários do governo cubano: “A pessoa não consegue emprego em uma empresa privada e vai para outro país. Ele é mandado pelo governo, é um representante do governo. Aqui ou lá, continua sendo um funcionário público cubano”.

Além disso, é relevante pensar que o trabalhador em Cuba não escolhe o emprego ou a profissão pelo salário ou espaço no mercado de trabalho, o que conta é a vocação. Seja engenheiro ou pintor, seu valor social é equivalente e você vai receber do governo o suficiente para viver. Dentro dos princípios não capitalistas, claro. Mas o fato é que, independente da profissão, todos recebem o mínimo para viver, em termos de alimentos, educação, assistência à saúde, etc. Mesmo que não esteja trabalhando. Existe uma taxa de desemprego no país em torno de 6%. Em geral, são pessoas que estão formadas, mas no local onde desejam trabalhar não há emprego no momento. Então, o governo mantém esse cidadão com o mínimo essencial até que haja oportunidades na sua área no local onde deseja.

Enfim, se você está disposto a se despir e tentar compreender comigo esse lugar mágico, vamos aos próximos textos.  Sabendo, desde já, que eu não aguento gente preconceituosa.

*Dados retirados do texto Como as embaixadas ocidentais limitam as viagens dos cubanos, de Salim Lamrani, para Global Research, em 18/11/2013.

Enfim, 40!

Sempre achei quarenta uma idade legal. É como se fosse o início de novos tempos. Afinal, depois disso, a pessoa é ‘enta para sempre: quarenta, cinquenta, sessenta, setenta, oitenta, noventa, chega! E os meus ‘enta chegaram agora. Dia 27 de dezembro de 2012.
Na verdade, acho idade algo muito subjetivo. Se você é do tipo sedentário, fuma ou bebe com alguma frequência e não tem uma alimentação bem balanceada, é grande a chance de fazer uma avaliação por bioimpedância e descobrir que seu corpo tem uns 20 anos a mais que sua carteira de identidade. Por outro lado, se você tem praticado algum exercício físico, controlado a alimentação, comida, bebida e fumo (de todos os tipos) e está se sentindo de bem com a vida, a chance de ter a percepção de uma idade menor do que a dos seus documentos de identificação também é grande. Ou seja, o tempo não passa da mesma forma para todos.
Outro dia ouvi a seguinte frase: “a gente nunca se sente com a idade que tem”. O fato é que a idade que a gente tem é somente uma formalidade, um meio de nos enquadrarmos na sociedade. É mais uma das caixinhas nas quais nos enfiamos todos os dias e que servem apenas para estatísticas.
Tem gente que foge dos 40 e já está há dez anos fugindo dos 30. Respeito. Mas eu não, estou adorando, porque sinto que atingi o melhor ponto de meu bem estar, minha maturidade intelectual e minha serenidade comportamental (ainda que possa trabalhar um pouco mais esse aspecto).
Claro que tudo isso tem muito mais a ver com a história de vida que eu construí do que com os anos de vida que tenho. Seria possível viver 80 anos e não ter a bagagem que eu tive o privilégio de construir. Graças a essa história, hoje tenho amigos com 20 anos e outros na casa dos 70 e são todos amigos de verdade, de sentar, conversar, tomar uma cerveja, aconselhar e pedir conselhos. Isso é lindo.
O único senão dessa experiência de vida é que, com o tempo, minha tolerância com as pessoas que acham que suas vidas, seus valores, suas crenças, seus desejos são espelhos dos de outros 7 bilhões de pessoas, diminuiu muito. Hoje sei que tudo que é o “normal” para mim, só é para mim. Em algum lugar do mundo isso que “é tão normal” sequer existe e em algum outro lugar, provavelmente, alguém vai achar bem estranho.
Eu, definitivamente, não aguento quem não percebe a dimensão e a beleza da diversidade do mundo. E sobre aspectos como esse, que eu não aguento, vou falar ao longo dos dias nos posts que virão. Afinal, é justamente por compreender e admirar a diversidade, que eu estou abrindo esse novo blog (meu primeiro foi o Mosanblog), na tentativa de contribuir para que as pessoas percebam que o mundo é muito, mas muito maior do que elas imaginam. Sempre é.


placa Cabo da Boa Esperança

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